segunda-feira, 8 de junho de 2009

FORA DA UTI

A previsão era de que meu pai saísse da UTI apenas hoje, segunda-feira, mas ontem à tarde mesmo ele já estava no quarto. A recuperação segue bem, sem complicações, e não deve demorar até voltarmos a ver posts aqui que não tenham nada a ver com saúde. A foto acima foi tirada ainda na UTI, no sábado.

Alexandre

sábado, 6 de junho de 2009

TUDO BEM


A cirurgia encerrou-se há pouco. Apesar de ter durado cerca de cinco horas, tudo correu muito bem, e é esperada plena recuperação, embora por um período longo. Meu pai ficará na UTI no mínimo até segunda-feira de manhã.

A foto acima foi batida um dia antes da cirurgia.

Alexandre

sexta-feira, 5 de junho de 2009

TRÊS DIAS FORA DA GALÁXIA


Sem poder sair do hospital, aliás, nem do quarto, fica mais difícil de ter alguma ideia do que escrever. Porém, aí basta abrir um site qualquer e já se vê que nestes dias o País não mudou nem um pouco.

Agora os sindicatos querem a estatização da GM do Brasil para “garantir os seus empregos”. Mais uma prova de que os cidadãos deste País não são iguais entre si, fato que a Constituição diz que são.

Por que então não garantir o emprego de todos os empregados? Ora, porque até um governo imbecil sabe que isso é impossível. Quebraria todas as empresas privadas e caso estatizadas quebraria o País. Os sindicalistas sabem disso, mas quem disse que eles se importam com algo que não seja as próprias vidas?

Sabem que os ingênuos que dirigem no Sindicato acreditam neles e que as chances de conseguirem um cargo político é grande. Incrível a cegueira dos empregados deste País.

Só falta o senhor Presidente concordar e resolver estatizar a GM aproveitando a célebre frase “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. Tudo é possível nesta terra de Deus. É fácil perceber, para qualquer pessoa que presta um pouco de atenção n que se passa à sua volta, que a estabilidade no emprego leva fatalmente a uma menor produtividade, a um menor esforço.

Em teoria, o que deveria acontecer era que, sem medo de perder o emprego e o salário, o empregado poderia produzir mais e melhor. Na prática, não é o que acontece, salvo as gloriosas exceções. Mesmo assim, insiste-se em tentar fazer garantias de desemprego, assim como se insiste em não privatizar empresas porque “tal empresa é nossa”. Nossa, de quem? Do governo, que em teoria somos nós? Não somos, não. Como no outro caso, basta atentar para o que existe em volta.

Apesar disto, eu, que era a favor das estatizações, desiludi-me muito. A maior parte delas levou a serviços muito ruins por parte dos concessionários e um dos motivos é a falta de controle e fiscalização pelos órgãos do governo. Ou seja: ruim com a privatização, pior sem ela.

Daqui a pouco vou para a sala de cirurgia e durante uns três dias perderei contato com o mundo real. O que acontecerá quando eu abrir o jornal no quarto dia?

quinta-feira, 4 de junho de 2009

NA MORADA DO SOL

Ainda no hospital na alameda Santos, sigo aguardando a operação de amanhã e vou pensando sobre os últimos lugares onde estive mais recentemente.

No início de janeiro fui a Araraquara para assistir à posse de meu amigo Domingos Carnesecca como Coordenador do Patrimônio Histórico da cidade. Ele havia sido convidado pelo novo prefeito para o cargo. Houve uma posse formal com vários convidados, por volta das seis e quinze da tarde. Meu filho Filipe foi comigo: ele gosta da cidade.

Depois de quase quatro anos, chegamos à cidade por volta das seis horas da tarde, indo direto para a Prefeitura. Sempre gostei de lá e é sempre um prazer voltar. Depois do evento fomos para o Sun Hotel, na Sete de Setembro. Era o melhor hotel da cidade, mas desta vez fiquei sabendo que finalmente a cidade abriu um novíssimo Eldorado, reformado depois de anos de decadência.

O Municipal, de 1922, pequeno, simpático e central, na Rua 3, também foi restaurado. E o recém-aberto Comfort na frente do Shopping Jaraguá, na avenida 36. Araraquara chegou à modernidade.

À noite, um jantar com o Domingos e família num restaurante japonês na Bento de Abreu. Ele fica numa antiga moradia, simpática, mas está de mudança. Não como comida japonesa e tive de passar com bife e fritas, muito bons, por sinal. A filha do Domingos estava comemorando a entrada na faculdade, na Capital, e eu fui de carona. O Filipe não: ele saiu com um amigo que mora lá e foi ao Olívio, um bar montado num antigo posto de gasolina numa esquina que tinham uma bomba debaixo de um segundo andar com janelas antigas.

Por acaso, na volta do restaurante, o Domingos passou à frente dele enquanto me contou sua história. E ele fica ao lado de uma fachada que é tudo que sobrou do antigo estádio municipal de Araraquara. Mas é por ali que ficam os barzinhos da cidade e o grande movimento das noites. Alguns deles têm mesas e pessoas ocupando até metade das ruas por volta da meia-noite de uma quinta-feira.

Na manhã seguinte, saí e fui direto para a estação a pé. Fui ver o museu ferroviário inaugurado às pressas no final do mandato do prefeito que acabara de deixar o cargo em 31 de dezembro. Ainda não tinha acervo, pois faltavam instalações elétricas. Mesmo assim, o museu foi aberto, com poucos móveis da estação, algumas revistas e uma ou outra fotografia. No fundo, todo o pátio da estação é um museu. Às vezes passava o comboio da ALL buzinando a baixa velocidade na segunda linha. Na primeira, junto à plataforma, diversos vagões-tanque aguardavam ser tracionados.

Na linha da antiga Estrada de Ferro de Araraquara, que sai ao lado, a “fila da morte”. Para quem não sabe, esse é o nome que se dá à fila com diversos vagões, locomotivas diesel e carros de passageiros, estes ainda com o logotipo da extinta Fepasa, depredados, depenados, descascados e sujos. Uma tristeza, principalmente porque a fila era vista da rua bem ao lado da calçada.

Para completar, o prédio foi repintado e tem vigilância no hall da entrada, com a escada e o poço do elevador de metal que foram ali colocados destoando da arquitetura da estação e fazendo com que tenha sido necessário serrar a bela grade de madeira do segundo andar para completar a escada.

No segundo andar ainda vazio, apenas uma sala com pinturas ferroviárias de um artista nativo. O piso de madeira não era o original, mas ainda há uma parte com piso hidráulico original.

Saí pela rua em frente à estação no sentido da cidade. O velho Hotel São Bento, na esquina exatamente em frente à estação, estava fechado e para alugar. Uma senhora, bem vestida, me olha e diz: “Que homem bonito, bem vestido! Parece um filósofo”. Muito engraçado.

Mais para baixo, quase sobre o pontilhão da rua ao lado do horroroso terminal de ônibus, outro hotel, este aberto, com um pássaro como símbolo e uma bela porta de entrada com um toldo metálico bonito na entrada.

Depois de visitar o antigo Clube Araraquarense e a estação do Ouro, mais abandonada do que nunca, voltamos para São Paulo.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

CULTURA PRIORIDADE ZERO

Aqui do leito do hospital em São Paulo, esperando por uma operação arterial, nada contente com isso e com o fato de ir ficar pelo menos mais dez dias por aqui, eu pelo menos consigo usar meu laptop e manejar uma Internet do tipo cai-não-cai. Por algum motivo lembrei-me da terra natal de meu avô Hugo.

Em 20 de dezembro – já são mais de cinco meses – fui a Jaguariúna pela última vez. Foi a quarta vez em que cheguei lá à noite. Continua uma cidade pequena, onde a área central é a velha Vila Bueno que não tem mais esse nome, mas que é a cidade original construída por meu bisavô Guilherme Giesbrecht em 1894 a pedido do Coronel Amâncio Bueno. Cheguei ali pouco antes das 20 horas e fui à Casa da Memória, atrás da Igreja Santa Maria e que seria inaugurada nessa noite. Fui convidado para o evento e também para o lançamento do livro sobre a cidade.

O teatro Municipal fica na frente da Casa da Memória. Às 20 horas começou o evento, que durou duas horas. Não foi mau. Falou-se principalmente do Padre Gomes, um padre que viveu quase 60 anos na cidade, falecendo cinco anos atrás. Eu nunca havia ouvido falar dele, mas sem dúvida, a julgar pela exposição, uma grande pessoa.

O livro, distribuído depois, é muito bom e estranhamente pouco fala dele; fala mais de Guilherme, que, afinal, ficou muito menos na cidade – uns 4 anos – foi-se ao final do serviço e provavelmente nunca mais voltou. É verdade que meu avô Hugo, seu filho mais velho, nasceu lá em 1894, mas também se foi sem poder conhecer a cidade onde nasceu. Existiria a cidade sem Guilherme? Se não fosse ele, seria outro engenheiro? Era ele que estava lá no momento; outro teria de ser trazido de fora.

No fim, olhando o mapa que ele deixou e ainda existente, a cidade tem o mesmo arruamento até hoje. Mudou o quê? Existe uma avenida que corre hoje pelo leito dos trilhos da linha velha e da linha nova da Mogiana – ambas desaparecidas. A linha passa hoje fora da cidade. Outra linha extinta foi o ramal de Amparo, que seguia para Pedreira e Amparo.

Eu conhecia o mapa, mas foi somente desta vez que, conversando com a Suzana, a responsável pela festa e escritora do livro, eu percebi realmente onde estavam essas ruas. Fui depois do evento a uma pizzaria além da avenida citada acima e localizada ainda dentro da área do loteamento original, mas em quarteirões que foram povoados somente 50 anos depois: já a região próxima à biblioteca – que era um dos onze prédios, além da igreja, construídos por Guilherme. Outros bairros mais novos foram aparecendo depois dos anos 1960, quando por todo o Brasil houve expansão de cidades pequenas e grandes.

Jaguariúna é bonita à noite. A volta dos trilhos – parte deles, somente a ligação entre a ponte de 1945 e a estação nova, do mesmo ano –, eliminados em 1983, deram uma característica simpática à cidade. Eles foram repostos três anos atrás e a cidade percebeu o que isso mudou. A visão da estação e de sua plataforma cheia de gente em mesas com as luzes em volta são magníficas. Em visitas anteriores, fui descobrindo o interior da igreja da qual meu pai, Ernesto, sempre dizia: “na igreja de Jaguariúna há uma placa que diz que quem construiu a igreja foi meu avô”. Nunca vi essa placa, nem sei se realmente existiu, mas era um dos orgulhos de papai, que nem era um católico fervoroso. São histórias que ouvimos e guardamos desde criança.

Veio o dia 1º de janeiro, novo prefeito assumiu e, como sói acontecer em todo o Brasil de políticos de visão curta, livrou-se de quem trabalhou no mandato anterior: todos os que colaboraram para a Casa da Memória foram sumariamente demitidos. Cultura: prioridade zero no Brasil.

terça-feira, 2 de junho de 2009

ALGUNS DIAS SEM POSTAGENS

Devido a problemas de saúde, estarei durante alguns dias sem postagens no blog.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

DE QUEM É A ESTAÇÃO?

Chegou-me há cerca de uma hora atrás o seguinte e-mail:

Prezado Sr. Ralph Mennucci Giesbrecht

Seguem fotos da Situação atual (Março-2009) da Estação Ferroviária de Rifaina.

Lamentamos que a coisa esteja dessa forma.

Estamos, Prefeitura Municipal, através do Departamento Municipal de Cultura do qual sou responsável, tentando conseguir com o Governo do Estado, mais precisamente junto a Secretaria de Esporte, Lazer e Turismo, utilizar o prédio para fins culturais, ou seja, estamos criando o Museu de História e Turismo de Rifaina e Região.

O local é muito oportuno e viável para esse fim, visto que possui uma arquitetura que retrata a época, em minha opinião, maravilhosa da região.

Hoje, o prédio está se deteriorando e invadido por duas famílias.

Temos dificuldades em conseguir autorização porque não sabemos onde mais recorrer.
Já consultamos a FEPASA, o Conselho do Patrimônio Imobiliário do Estado de São Paulo, e estamos partindo para a Secretaria citada acima.

Carecemos de informações sobre os domínios desse bem público, mas ninguém, até o presente momento pode nos especificar sobre a responsabilidade desse imóvel.
O tempo está passando, a história está se acabando no tempo e, se não houver uma solução que possibilite o uso do prédio tudo irá se dissolver no esquecimento.

Como o senhor é sócio da ABPF - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, peço-lhe apoio para darmos continuidade ao nosso projeto municipal.
Segue cópia dos ofícios e fotos para vossa apreciação.

Reitero meus votos de alta consideração e aguardo informações de vossa parte.

Atenciosamente,

Cezar Balsanulfo Cardoso
Colaborador Cultural
Prefeitura Municipal de Rifaina


A estação em referência é uma réplica da estação original de Rifaina, da Companhia Mogiana, construída no final do século 19. Quando a ABPF e a Fepasa chegaram a Pedregulho e a Rifaina no final dos anos 1980 no intuito de reconstruir o trecho da antiga Linha do Rio Grande entre essas duas cidades com o intuito de fazer um trem turístico no local, tiveram de reconstruir a estação de Rifaina, que havia submergido nos anos 1970 sob as águas do rio Grande, devido à construção da represa de Jaguará. A construção foi feita e entregue em 1990, juntamente com o trem turístico, trem este que rodou sob administração de ABPF até 1994, quando a queda de um aterro da linha em Pedregulho deixou a linha sem condições de reparo. Numa época em que a Fepasa já estava mais para lá do que para cá, ninguém assumiu a responsabilidade de reconstruir o trecho e o trem parou. A ABPF não tinha como investir uma soma tão alta para tal.

A estação foi invadida e até que não está tão ruim assim, mas necessita de reparos nada baratos nas partes internas, principalmente no forro. No entanto, veja a situação da Prefeitura da cidade, que não consegue encontrar quem é o dono do prédio – mas que deve ser a RFFSA, que ficou com o espolio da Fepasa e que hoje, extinta, está como “Inventariança”.

Foi o que respondi a ele. Vamos ver se é possível a solução para esta réplica muito bem feita.