segunda-feira, 28 de março de 2016

LOCOMOTIVAS DA PAULISTA DE BITOLA DE 60 CM (1916)

Locomotiva a vapor soltando vapor na estação de Moema, Santa Rita do Passa Quatro, em 1917. Esse local hoje é impossível de ser fotografado - foi arrasado e transformado em canavial

A notícia é de janeiro de 1916. Cem anos atrás. As locomotivas a vapor eram unanimidade no Brasil - somente mais tarde viriam as elétricas e as diesel.

Havia locomotivas de diversas bitolas, distribuídas entre ferrovias de tráfego público e ferrovias de usinas e fábricas para uso próprio.

As de menor bitola eram as de 60 centímetros de bitola. No caso, as que rodavam no ramal de Santa Rita do Passa Quatro, que ligava, nesta época, a estação da cidade de Porto Ferreira às estações de Santa Rita seguindo até a pequena estação de Moema (depois Bento Carvalho) num trajeto de pouco mais de trinta e seis quilômetros.

Aí, alguém notou que estava havendo descarrilamentos "constantes" no ramal. Por que seria? O leitor (ou leitores) do jornal O Estado de S. Paulo davam a sua opinião: no último deles, ocorrido logo depois que o trem deixou o pátio ferroviário de Porto Ferreira, o "vagão número 19" teria tombado porque se tratava de um vagão (de passageiros? de carga? Na época, se chamava vagão a qualquer um deles - hoje, para passageiros, seria "carro") que fora transformado da bitola métrica para de sessenta centímetros. Falta de estabilidade nas curvas, portanto. E afirmaram que foi a destreza do maquinista que evitou "desastres pessoais".

A notícia repetiu-se três dias depois, falando agora de dois descarrilamentos no ramal, E que houve pânico, mas que ninguém saiu machucado (parece que tratava-se de carros de passageiros, mesmo). Pediam inspeção na linha por parte da Paulista.

E, depois, pelo menos nos jornais, não se voltou a falar do assunto. Teria sido isto mesmo um caso tão importante assim ou apenas reclamações muito fortes de quem não tinha mais o que fazer?

Hoje, cem anos depois, reclama-se muitas vezes nos jornais nos trens metropolitanos de São Paulo e de outras cidades... dos menos de 3 mil quilômetros de linhas com trens de passageiros que sobraram das 38 mil que existiram em 1960. Estas, hoje, trafegando com trens elétricos ou a diesel.

Trens na região do ramal de Descalvado ou do de Santa Rita? Nem sonhando. Nem há trilhos... as estações das duas linhas de bitolinha de 1916 já foram quase todas demolidas. Sobraram duas.


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