terça-feira, 20 de outubro de 2015

SÃO SIMÃO, SUAS FERROVIAS E UM RACIOCÍNIO

Mapa do IBGE publicado em 1960

Pois é, outro dia, olhando um mapa do IBGE da cidade onde meu saudoso tio Siqueira (Antonio Siqueira de Abreu, 1894-1977) nasceu, mais precisamente São Simão, verifiquei as linhas férreas que cruzavam a cidade. O mapa foi publicado em 1960.

Nessa época, cruzava, de sudeste a noroeste, a linha-tronco da Mogiana; para oeste, o ramal de Jataí, também da Mogiana; para o norte, a linha da São Paulo-Minas. Fora isto, havia onze estações no município. Lembrar que o atual município de Luiz Antonio ainda fazia parte do de São Simão.

Hoje, a cidade tem apenas uma linha - que, aliás, não é nenhuma daquela época. A linha atual é parte de duas variantes que se juntam no distrito de Bento Quirino e que substituíram a linha-tronco da antiga Mogiana. No seu trajeto dentro do município, ao contrário do que acontece na maior parte dessa linha mais nova que liga Campinas a Araguari, a via passa bastante próxima à velha linha, que já foi arrancada há muito.

E se a cidade tivesse conservado todas as três linhas arrancadas juntamente com a linha atual? Ela poderia ter usado essas três vias mais antigas para fazer transporte metropolitano na área municipal (e em Luiz Antonio, mesmo este separado de São Simão) e construído mais estações ou paradas para atender bairros menores.

Perguntarão vocês: mas São Simão? O município atualmente não tem 15 mil habitantes. Pouco cresceu em relação a 1960. Um trem metropolitano ali seria viável?

A situação de São Simão seria válida para vários outros municípios, com maior ou menor número de habitantes. A maioria tem, ou teve, apenas uma via férrea. Mas há outros que tem, ou tiveram, mais de uma: Ourinhos, Araraquara, São Carlos, Ribeirão Preto, Bauru,Matão, Jaboticabal, Bebedouro, Lorena... e outras, tanto em São Paulo como no resto do Brasil.

São Simão foi, aqui, somente um exemplo de cidade. Pensemos em todas elas não como um sistema isolado - ou seja, colocam-se trens e seja o que Deus quiser - , mas sim como um projeto que deveria ter sido pensado, de "interiorização do desenvolvimento", expressão que, há uns quarenta anos, era muito comum ser usada pelos governos da época. Esta "interiorização" era uma tentativa de se evitar o crescimento absurdo de determinada cidades, das quais os maiores exemplos são São Paulo e Rio de Janeiro.

Há várias formas de se conseguir promover esse crescimento de diversas cidades e, basicamente, trata-se de atrair indústrias e o número de escolas de todos os graus nelas. Para se conseguir isto, a melhora do transporte interno seria absolutamente necessário. Mais indústrias e mais escolas precisam de mais transporte. E vice-versa. Que se planejasse isto nas cidades para que elas mantivessem a sua população por lá sem inchar outras cidades.

Isto, efetivamente, não foi feito. Se tivesse sido, novamente dando São Simão como exemplo, esta cidade teria uma população bem maior hoje em dia, que viabilizaria suas três ou quatro linhas férreas - e talvez levasse à construção de outras. É uma história do tipo "mais indústria, mais escolas, mais transportes, mais indústrias, mais escolas...".

Não é tarde para se fazer isto. Mas numa cidade como São Paulo, o estrago já foi feito.

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