segunda-feira, 26 de outubro de 2015

UMA RÁPIDA HISTÓRIA DE ALGUMAS AVENIDAS PAULISTANAS

Avenida Rebouças, esquina avenida Brigadeiro Faria Lima. Foto deste autor

Vou deixar um pouco das ferrovias brasileiras em paz (descansem em paz) e falar do grande amor das prefeituras brasileiras: as avenidas.

Estas, que tanto são citadas na hora de se arrancar trilhos em diversas cidades, podem ter diversas origens - inclusive, a de se aproveitar leitos de ferrovias desfeitas.

As avenidas paulistanas, afinal, que origem tiveram? Vamos dar alguns exemplos. Claro, das que eu conheço.

Avenida Rebouças - o primeiro trecho, da Doutor Arnaldo até a avenida Brasil (no cruzamento com o córrego Verde), era parte do Caminho de Pinheiros; este, por sua vez, existe pelo menos desde 1560. Alguns dizem que era anterior, aberto em tempos imemoriais, com o nome dado peloa portugueses de "Trilha Tupiniquim". Faria parte do lendário Peabiru. Também foi chamado de "Caminho para Sorocaba". Seu percurso original era o seguinte: começava no Piques (hoje Praça da Bandeira), seguia pela atual rua Quirino de Andrade, subia pela atual rua da Consolação, entrava pela atual Rebouças e entrava pela atual rua de Pinheiros - como Caminho de Sorocaba, prosseguia pela rua Butantan e pelas atuais avenidas Vital Brasil e Corifeu de Azevedo Marques. Quanto ao nome da avenida Rebouças, que homenageia o engenheiro, ele vigora desde o final do século XIX. Não há, aparentemente, nenhuma relação do homenageado com a avenida. 

Ela foi asfaltada em 1936. Logo depois, ela foi prolongada desde a avenida Brasil até a rua Iguatemi - atual Brigadeiro Faria Lima. Para isso usou-se o leito de duas ruas que já existiam, mas não se encontravam. Uma saía da Iguatemi e outra da avenida Brasil. O trecho que as uniu formou com as outras duas a continuação da Rebouças. Finalmente, nos anos 1940, depois da retificação do rio Pinheiros, ela foi construída sobre o pântano ali existente até a avenida Marginal, que, aliás, nessa época (1947) ainda não existia. Ali termina a avenida.

Avenida Brigadeiro Faria Lima - seu trecho inicial foi entregue no início de 1971, como a duplicação da já existente rua Iguatemi, entre a rua Amauri e a rua Pinheiros, onde a rua Iguatemi terminava. Alguns anos depois, ela foi prolongada até a rua Teodoro Sampaio. Em 1997, a avenida foi prolongada em Pinheiros e no Itaim. Em Pinheiros, a avenida foi esticada até a avenida Pedroso de Moraes, na esquina da rua Padre Carvalho, pela duplicação de ruas existentes no caminho e unidas entre si, como a rua Coropé. Já no lado do Itaim, todo o prolongamento, feito até o atual cruzamento com a rua Nova Cidade, foi aberto no meio do casario existente, com ampla demolição de uma faixa de terreno grande o suficiente para passar a nova avenida.

Avenida Sumaré - A avenida Sumaré original foi aberta em 1928, no lançamento de um grande loteamento que abriu também muitas outras vias locais. Foi construída praticamente toda ela sobre o córrego da Água Branca, desde sua nascente. A avenida, em terra, ia das atuais ruas Tácito de Almeida até a Professor João Arruda. A partir daí, só no mapa do loteamento, até a rua Turiassu. Na primeira metade dos anos 1950, o trecho entre a confluência das ruas Atalaia e Grajaú até a rua Tácito de Almeida recebeu calçamento com paralelepípedos. No final dos anos 1960, a avenida inteira foi asfaltada, com canteiro central entre a confluência das ruas Atalaia e Grajaú e a rua Turiassu, onde o córrego foi canalizado em toda a sua extensão. O trecho que tinha paralelepípedos continuou da mesma forma, até que, no final dos anos 1970, o trecho entre a confluência das ruas Teffé e Pombal e o início do trecho com canteiro central foi duplicado, juntando-se com uma nova avenida aberta entre as ruas Henrique Schaumann e a confluência das ruas Teffé e Pombal, cavada em meio a casas e sob um viaduto construído na avenida Doutor Arnaldo. Este trecho passou a se chamar Paulo VI, Papa morto em 1978.

O trecho entre as ruas Tácito de Almeida e Pombal e a rua Tácito de Almeida, que era o trecho final da avenida, foi renomeado depois como rua Olavo Freire. Já o trecho entre a Pombal/Teffé e a Grajaú/Atalaia passou a fazer parte da avenida Paulo VI. A avenida Sumaré, com isso, passou a ser somente o trecho alargado com canteiros no final dos anos 1960.

Avenida Pacaembu - Esta avenida foi construída sobre o córrego do mesmo nome nos anos 1930, desde sua nascente junto ao estádio do Pacaembu (que é posterior à avenida) até a linha férrea da E. F. Sorocabana, hoje parte da CPTM, na rua da Barra Funda, no local anteriormente conhecido como Largo do Arroz.

Avenida Doutor Arnaldo - Pelo que sei ela foi construída em 1887 para, saindo de um ponto da Estrada de Pinheiros próxima a onde mais tarde (1891) passou a sair a avenida Paulista, servir de acesso para o Cemitério do Araçá. Seu nome original era Estrada do Araçá, continuando além do portão e entrando com esse nome pela atual rua Heitor Penteado. Em 1897, a avenida já se chamava avenida Municipal, pelo menos até o final do cemitério, hoje na esquina da atual rua Cardoso de Almeida. No mapa de 1905, a avenida já aparece continuando até pelo menos o início atual da rua Heitor Penteado. No início dos anos 1930, com a morte do médico Doutor Arnaldo Vieira de Carvalho, um dos professores da Faculdade de Medicina que a partir de 1934 faria parte da Universidade de São Paulo, recebeu o nome de Doutor Arnaldo. Pouco antes, em 1928, a avenida havia sido esticada além da atual rua Heitor Penteado, até a rua Nova York, com a abertura do novo loteamento que deu origem a diversas ruas, inclusive a avenida Sumaré. Este trecho de 1928 até hoje é um trecho estreito em relação à larga avenida que foi duplicada em 1948, entre o seu início e a rua Cardoso de Almeida. Entre 1903 e 1966, a avenida teve trilhos de bondes entre a rua da Consolação e um pouco antea da esquina da rua Cardeal Arcoverde - onde acabavam abruptamente. O bonde retornava de ré.

Continua...

Um comentário:

  1. Me faz pensar qual a avenida que mais gosto na cidade, ou qual me desperta mais curiosidade... Num rápido escanear de lembranças, me vem à cabeça a avenida Celso Garcia. Sempre me intrigou, como uma avenida longa, desbravadora, rumando a Leste. Ela só decaiu ao longo das décadas, não tem muita esperança de mudar, mas simpatizo com ela...

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