quarta-feira, 15 de abril de 2015

PODRIDÃO

O retrato do Brasil.

A ideia de começar um blog em meados de 2009 era a de escrever todos os dias sobre assuntos os quais eu queria defender meu ponto de vista, fosse qual fosse.

Porém, acabou derivando também, e principalmente, para falar sobre a atualidade e passado das estradas de ferro brasileiro, além da história e acontecimentos contemporâneos da cidade de Sao Paulo e qualquer outra cidade que eu conhecesse - e até que não conhecesse, o que é mais difícil.

Sobre política, raramente.

Acontece que de lá para cá o Brasil, depois de um crescimento fugaz, caiu numa das piores crises de sua história, causada não pela crise em alguns dos principais países do mundo, que, embora tendo alguma influência, foi ofuscada por uma péssima administração e por uma incompetência e roubalheira sem fim por parte de governos, empresas e uma criminalidade cada vez mais maior e violenta, causada em grande parte por uma noção de impunidade e por uma pobreza e miséria sem fim - tanto de riqueza, quanto de caráter, de espírito.

Neste último caso, caímos no pior poço em que um povo pode cair: a falta de esperança. Se ela afeta até gente com muito dinheiro, imaginem um adolescente favelado que não vê qualquer possibilidade de futuro para ele e para sua família, que, por sua vez, não consegue dele cuidar. Afinal, como o filho, eles também não têm educação e estudo.

Some-se a isto um governo que mente descaradamente e que se agarra ao poder como as unhas de um gato num tapete e teremos o que temos.

Um sistema de governo que se baseia no "toma lá dá cá", que basicamente é um parlamentarismo da pior espécie, com uma presidente que fala como uma rainha, mas que mostra que nitidamente não tem a menor condição de ocupar o cargo que ocupa e que atualmente tem os poderes da Rainha da Inglaterra - ou seja, poder nenhum. Mesmo o charme da realeza que torna a Inglaterra o país sério que é nossa presidente não tem condição de nos dar. Ao contrário, dá-nos irritação. Quem não se irrita com as burradas que ela faz ou com as mentiras que ela conta é ou alienado, ou dela se aproveita, de uma forma ou de outra, ou mais ou menos.

Então, escrevo cada vez menos - caí de uma média de 7 postagens por semana para cinco e depois para três - estou próximo de uma só.

Afinal, como contar a história de uma ferrovia ou de uma cidade quando o buraco negro está nos engolindo?

Acabo de ler que, no campo das estradas de ferro, o famoso trem-bala, que jamais foi construído, mas que já gastou dinheiro como se fosse água (e estamos sem água, também!) em projetos e funvionários de uma empresa criada para administrar um rojeto e uma obra que jamais vai para a frente, tem essa empresa com gastos cortados. Isso pelo que diz a notícia. Como saber se ela é verdadeira, pois a previsão de hoje é a frustração (ou alegria) de amanhã?

Um governo que age como se a manifestação das ruas e das pessoas mais cultas e inteligentes e nada alienadas deste país (cerca de 50%) nada significasse.

Um ministro da Fazenda que teoricamente tem condições de ocupar o cargo, mas que recebe uma ordem por dia e que no dia seguinte quando tenta cumpri-la fica sabendo que a ordem mudou, ou por que a presidente não gostou do que ela mesmo falou, ou por que está sendo sabotada pelo Congresso, que, como dissemos, é quem manda, embora a presidente não saiba disso - ou finja que não saiba.

Enquanto isso, rios e reservatórios secam, obras apodrecem, ou não andam, ou não saem do papel, como se isso não tivesse um custo. A inflação dispara, o povo brasileiro se apavora, tudo está um caos. A taxa de desemprego sobre como um foguete.

E, incrível, quando se fala tudo isso, vem uma anta do PT (e como há antas dessas) dizendo que "ah, fulano do PT foi preso, mas beltrano do PMDB não foi e fez a mesma coisa", o que pode até ser verdade - afinal, não há corruptos somente no PT - como se afirmasse que o fato de uma pessoa não ser presa por roubar justifique o fato de outra pessoa, sim, ter sido preso por roubar.

E venha Mensalão, Petrolão e si lá quantos mais "lãos" em cima de nossa cabeça. Casos que deveriam ser julgados em um ano no máximo demoram três, cinco, dez, vinte ou mais para que façam algum efeito - quando fazem.

Com tudo isso na cabeça, há vontade de escrever um blog ou seja lá o que for? Nem uma história em quadrinhos me vêm à cabeça - uma tira de quatro quadrinhos. O brasileiro costuma rir da prórpia desgraça e fazer muitas piadas - uma forma de escapar da depressão - mas até isso ele está perdendo.

3 comentários:

  1. Postagem ótima essa vossa, senhor Ralph. Uma pena que, como bem observas-te, este país tem se tornado decadente e nós, como povo, tem chegado aos limites no que se conhece por rir dos próprios problemas.
    Uma sugestão, se estiver ao vosso alcance (parece que não, ou já haveria virado um post), seria falar sobre o tal TAV, pois havia lembrado deste esquecido projeto semana passada.

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  2. "omo contar a história de uma ferrovia ou de uma cidade quando o buraco negro está nos engolindo" é por aí, hoje recebi a notícia que o leilão da EF118 foi cancelado, a EF118 era o projeto de alargamento da linha do litoral da EFL ligando nova Iguaçu no RJ a Linhares no ES, a licitação foi cancelada pois o governo em crise não dispõe de dinheiro em caixa para comprar a capacidade de operação da ferrovia (~R$15 bi), sendo que foi o próprio governo que criou essa exigência no novo modelo de concessionamento.

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  3. Para amenizar novo trem turístico em implantação: https://www.facebook.com/notes/prefeitura-de-miguel-pereira/trem-tur%C3%ADstico-representantes-de-tr%C3%AAs-cidades-mineiras-visitam-miguel-pereira/971151472904071

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