quarta-feira, 19 de setembro de 2012

JANELAS

São Paulo - e outras cidades - teve, entre os anos 1910 e os anos 1940, enorme predominância de simples e belas janelas de madeira que pareciam sair todas de uma mesma marcenaria.

Quando escrevo aqui o termo "janelas", estou me referindo a um conjunto de esquadria, a janela em si, com sua armação que levava os vidros e a persiana - o que dava a característica do conjunto. Eram, geralmente, pintadas de verde ou eventualmente de marron claro.

Não sei porque estas janelas se tornaram maioria durante essa época, mas é possível que tal fato tenha acontecido por vários motivos. Será que eram tão raras e/ou caras janelas mais

Baratas, bonitas e resistentes. Baratas é uma presunção minha, mas é fato que elas existiam em praticamente todos os tipos de residências construídas neste período. Pode ser, claro, que o preço variasse dependendo de quem as fazia e, claro, do material que era utilizada. Muitas eram do famoso pinho-de-Riga, que, diz a lenda, era madeira reaproveitada de caixotes que traziam materiais importados da Europa. Deveria haver outras madeiras, principalmente nos anos mais tardios.

Bonitas é uma questão de gosto. Eu as acho muito bonitas, tão bonitas quanto as janelas mais comuns que as antecederam, aquelas altas, saindo quase do chão, e com bandeiras em arco no topo, que tinham, em grande parte das vezes (ou sempre, talvez), as persianas saindo para dentro da casa, permitindo que em dias frios entrasse o sol, mas não o ar frio, sem que se precisasse abrir a janela para se as fechar ou abrir em caso de chuva ou mudança rápida de temperatura.

Resistentes? Certamente, pois há ainda muitas delas por aí, resistindo a quase cem anos de duração com uso contínuo. Ainda se vêem algumas em casas abandonadas (ou semi), meio que caindo aos pedaços, mas isto certamente por falta absoluta de manutenção ou repintura.

 
Nos anos 1940, mais para o final da década, chegaram as janelas de aço com persianas no mesmo material, do tipo que se abria ou fechava com uma corda. A beleza não era uma de suas virtudes.

Recentemente, chegaram as de alumínio. Hoje, quase tudo é assim. No interior do Estado, o alumínio foi menos utilizado e muitas das janelas de madeira foram trocadas por janelas de aço escuro, horríveis, mas mais resistentes. Motivo da troca? Falta de manutenção das de madeira e também, com certeza, melhor isolamento de som.

Porém, se as janelas de madeira tinham a desvantagem de isolar mal o som e até a passagem de raios de luz, ou de chuva, ou mesmo do ar frio, por que inúmeras delas permanecem em todos os tipos de casa até hoje?

É pela sua simplicidade e beleza, com certeza.

As fotografias aqui mostradas, de minha autoria, com diversos tipos dessas janelas foram tomadas em duas ruas de um dos bairros mais desejados de se morar em São Paulo: o Jardim Paulistano. Mais precisamente, em trechos da rua Sampaio Vidal e rua Mariana Corrêa.

Uma das fotografias - a que têm as janelas brancas com adornos de alvenaria acima e debaixo delas - é da casa que é possivelmente a mais antiga de todo o bairro, na rua Sampaio Vidal, quase esquina com a rua Maria Carolina. Casa pequena, linda e simples, foi construída em 1923.

2 comentários:

  1. Muito interessante o artigo, caro Ralph. Trabalho com janelas de aluminio, mas com certeza acho mais bonitas as de madeira antigas, e também aquelas de ferro, artesanais, em forma de arco.

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  2. Hoje em dia a moda nas casas é aquelas janelas que parecem um vidro só, com esquadria invisível e moldura-enfeite de gesso.

    Até acho bonito, lembra aquelas construções bem antigas dos açorianos, sem janelas elaboradas, mas tais janelas presumem um sistema de ar-condicionado central, e bem potente, porque o vidro não é bom isolante térmico e películas bloqueiam a luz absorvendo-a. Nada ecológico.

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