sábado, 15 de setembro de 2012

NO TEMPO DAS FERROVIAS

Próximo a esta estação diversos trens ficaram retidos em 1947. A foto é de 2009, Certamente, o prédio estava em muito melhor condição naquela época. Hoje está abandonado.

No tempo em que os animais falavem, quando existiam ferrovias em boas condições que transportavam passageiros, além de cargas nas mesmas linhas, havia centenas de trens de passageiros pelo país.

Não eram esses ridículos "trens turísticos" que diversos governos tentam impingir 'as populações de suas cidades como uma espécie de consolo pela falta de bons transportes intermunicipais e até mesmo intramunicipais. E mesmo assim, não conseguem... basta ver os anúncios que cada prefeitura faz e que nunca dá em nada. Bom que não, mesmo. Dinheiro público não pode ser aplicado em trem de brinquedo, mas sim em trens decentes e sérios, que levem passageiros de um lado para outro com um objetivo.

Vendo aqui minhas anotações, dá para servir de exemplo o ano de 1947. Nem precisa ter guias de horários. Basta ver o que acontecia nas notícias de enchentes e inundações que ocorriam no verão. As mesmas que existem hoje, só que hoje todos põem a culpa no "El Niño", no aquecimento global e outras coisas.

Em março de 1947, por exemplo, a enxurrada na serra do Mar fechou o túnel número 7 da Central do Brasil, próximo à estação de Juruaba (que hoje se chama Palmeira da Serra) e travou o tráfego ferroviário entre o Rio e São Paulo, feito na época por essa ferrovia. Vejam isto: na tarde do dia 20, "a administração da Central do Brasil decidiu suprimir de modo completo os trens destinados (do Rio) a Minas e São Paulo. Nem mesmo amanhã haverá trens para as capitais paulista e mineira".

Enquanto isso, notícias que chegavam de Cabangu (em Santos Dumont, Minas) davam conta que ali a linha também estava paralisada pela queda de uma barreira. Do Rio a Minas, portanto, havia dois pontos onde o tráfego estava interrompido. O trem da Leopoldina, que saíra de Barão de Mauá e seguia para Petrópolis e Minas, teve de parar próximo à estação de Areias, não muito longe já de Três Rios. A ferrovia preparou um comboio especial que buscou os passageiros lá presos e trouxe-os de volta ao Rio.

Na estação de Serra (depois Engenheiro Gurgel), na serra do Mar, linha da Central, estavam retidos o Trem das Águas, DP-6, o Expresso de Três Rios, S-4, o Rápido Paulista, RP-2, o Rápido Mineiro, RM-2 e o Expresso Paulista, SP-2. Então, a Central suprimiu em São Paulo e Rio os trens: Noturno Paulista, RP-3; Segundo Noturno Paulista, NP-1; SP-5, Expresso; Noturno Mineiro e o famoso Cruzeiro do Sul, DP-1; o Primeiro Noturno, RP-4; o Segundo Noturno, NP-2 e o Cruzeiro do Sul de SP para o Rio, DP-2. Para Belo Horizonte, não saiu o Noturno Mineiro, N-2. Houve trens que seguiam de Rio para São Paulo também retido em Barra do Piraí. A Leopoldina conseguiu, apesar da queda de mais barreiras, manter o tráfego ferroviário entre o Rio e Petrópolis.

Com possíveis erros de siglas, de nomes e de locais de retenção de trens informados pela reportagem, é possível aqui percebermos a enorme variedade de trens diários que corriam por essas linhas. Isto, fora outros, que tinham diferentes horários, mas menos importância.

A interrupção das linhas gerou problemas para os passageiros e também para as cargas, principalmente para o Rio de Janeiro, que seguiu desabastecida de alguns alimentos por alguns dias.

Tempos em que os trens eram realmente importantes, o povo se importava com eles e o governo também.

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