Quem passa de carro ou a pé pela esquina das ruas Caio Prado (a rua no canto inferior direito, na foto acima) e a rua da Consolação (a outra rua, do lado esquerdo da mesma foto), não pode imaginar que, há 126 anos, ali existia uma mansão, ocupando o mesmo terreno (ou, possivelmente, mais alguns).
Como era o exterior dessa mansão, não consegui descobrir, mas, pelo menos é possível saber o que ela tinha dentro, no ano de 1895, quando o seu dono, Sr. Oscar Horschitz, comerciante, decidiu mudar-se de mala e cuia para a Europa e fazer um grande leilão de suas peças e móveis, sem, entretanto, falar o que faria com a casa.
Bem, ela certamente foi demolida. Pelo menos, ela não existia mais já em fins da década de 1950, quando, salvo engano, eu comecei, junto com meu pai, a passar por ali todos os dias com seu Studebaker 1951 e, depois, com suas Kombis VW.
O endereço? Rua Caio Prado, 1. Hoje, o número certamente é outro, pelo menos desde os anos 1930, quando a numeração da Capital passou a usar o "método americano" de numeração, ou seja, métrica. Na antiga, o número 1 se referia à primeira casa (ou terreno) do lado esquerdo da rua. Realmente, a Caio Prado começava - e ainda começa - ali. Qual será o número do posto hoje? Só indo lá e verificando, mas pode até ser um número da rua da Consolação.
Alguma construção ainda existia, no terreno onde hoje é o posto, em 1930, como se pode ver pelo mapa de 1930, logo abaixo (Mapa Sara Brasil), que mostra a mesma esquina da fotografia atual, no topo deste artigo. Acredito que não fosse um posto ainda.
Agora, pode-se pelo menos imaginar como era a decoração interna do casarão, lendo a relação dos móveis e peças que seriam leiloados, e que podem ser vistos abaixo no anúncio publicado no jornal O Estado de S. Paulo, de 11 de novembro de 1895. Boa diversão.