sábado, 28 de março de 2020

UM POUCO DE FERROVIAS, E NÃO CORONAVIRUS (1887)


Inicio do artigo do jornal citado abaixo

nterrompendo um pouco o assunto coronavirus, falarei um instante sobre ferrovias paulistas (sim, um dia elas existiram! kkkk).

Um artigo do jornal A Provincia de São Paulo de 1887 (hoje, o Estadão), no remoto dia de 15 de fevereiro, o jornal havia publicado uma reportagem sobre a inauguração do ramal de Jahu (Jaú), que deveria ser inaugurado o trecho final do chamado Ramal de Jahu.

Este chegava ao seu ponto final, partindo da estação de Mineiros (Mineiros do Tietê - , que logo em seguida foi renomeada como D. Pedro II). Os trechos anteriores haviam sido abertos alguns meses antes. Aliás, o nome voltaria a ser Mineiros em 1890, já que o homenageado havia sido covardemente deposto e exilado do País menos de um ano antes. E, para esticar um pouco mais, era a estação que sofreu as mudanças de nome, não a cidade, que continuava se chamando Mineiros. Esta constante mudanças de nomes de cidades, estações, ruas, praças,avenidas etc. em nosso País sempre atrapalhou as pesquisas históricas de quem gosta do assunto.

Quem havia realizado a proeza fora a Companhia Rio-Clarense, ferrovia que existiu de 1880 a 1892, empresa nacional por alguns anos e em 1889 vendida para ingleses, que, em 1892, a venderam para a Companhia Paulista.

Como na briga, da mesma época, da Cia. Ytuana, que aberta como uma reação à E. F. Sorocabana, passou a desafiar a força desta última. O que aconteceu? Foi engolida pela última depois de anos de discussões e embargos.

Mas o que me chamou a atenção no artigo d'a Provincia foi um comentário do colunista sobre os trens de passageiros. Naquela época, não tinha jeito: se você tinha uma concessão para trens cargueiros, você era obrigado a ter transporte de gente, caso contrário, a quantidade de protestos do povo, que necessitava viajar de uma cidade a outra a pé, a cavalo, ou pagando uma fábula pelos transportes tipo carroças, tílburis e outros, seria - e era - um inferno.

Atender ao povo ou às exigências do contrato de concessão das linhas não significava que o serviço ia ser necessariamente bem feito. E já que o transporte por trem era muito melhor do que as alternativas - em 1887, automóveis eram ainda sonhos - a procura era grande. Basicamente, o que os donos das concessões (neste caso, o Visconde do Pinhal, homem riquíssimo) queriam era transportar café e outros gêneros que lhes desse lucro. Passageiros davam pouco lucro, quando davam, e reclamavam demais.

Neste trem, que passava por Dois Córregos, Brotas e chegavam a Rio Claro (com uma parada em Morro Pellado (Itirapina), você podia pegar outro trem, que seguia para São Carlos e Araraquara, então ponto final. A linha era toda ela em bitola métrica.

Mas, se você queria ir à Capital, você chegava a Rio Claro e tinha de trocar de trem, pois a linha Rio Claro-São Paulo era uma linha de 1 metro e sessenta. Cargas e passageiros tinham de se sujeitar a uma baldeação, o que tomava tempo. A Rio Clarense e a Paulista pouco se importavam com o tempo que os passageiros perderiam com uma baldeação, principalmente os passageiros, que andavam sozinhos para o outro trem, o que era ótimo para as ferrovias, claro. E também os trens que saíam das estações que obrigavam à baldeação, ou seja, Rio Claro.

E passageiros começavam a reclamar (eita povinho chato), menos de uma semana depois de eles receberem um presente que mudaria a vida de todos para sempre.

Curioso: o artigo findava com um comentário do articulista: "logo as companhias conseguirão chegar a um acordo". Era o que hoje se chama, no metrô e na CPTM, de "integração", mas com trens que tinham apenas um a dois horários diários.

E o mundo gira - por enquanto o coronavirus segue atacando. Naquela época, o flagelo eram a febre amarela e a malária - além da syphilis.

sexta-feira, 20 de março de 2020

FIM DO MUNDO (2020)


Terra arrasada em Rancharia, SP. Foto João Francisco Cunha em 2020

Pois é.

Passamos pelo menos 15 anos sendo roubados por uma quadrilha, prendemos o líder e o soltamos, desalojamos uma presidente que mal sabia falar.

Porém, não conseguimos fazer com que os tribunais, as Assembléias Legislativas, a Câmara Federal e o Senado cortassem seus absurdos salários, verbas de manutenção e número de assessores "aspones" que, em grande parte, não fazem nada.

Aprovamos (o Congresso) uma lei que dá um fundo eleitoral para os candidatos para as eleições no valor de uma baba de dinheiro. Por que eu e o resto do povo deveríamos financiar a campanha eleitoral de qualquer candidato? Se eu quiser fazê-lo, faço-o por que acho que alguns candidatos mereçam e, no caso, entro para um partido no qual eu me interesse financiar.

Quando começamops a falar sobre suspender esse fundo eleitoral e passar o seu valor para a emergência atual, que é de muito mais relevância para os doentes com o coronavírus, os deputados et caterva nem se importam, fingem que não veem isso. Cortar os salários pela metade, ou terça-parte, então, eles não pensam.

Agora, quando tentamos fazer com que o Brasil volte aos patamares econômicos de 2011 (que sabemos ser insuficiente para os dias de hoje), cai sobre nós (e o resto do mundo) uma epidemia de coronavírus que, segundo o que dizem especialistas e palpiteiros, dar-nos-á um futuro a curto e médio prazo nada agradável.

Partindo de uma visão municipal, nossas ruas estão com o asfalto pela hora da morte; as calçadas são armadilhas para crianças, adultos e idosos, e ninguém as conserta.

Em termos estaduais, as estradas (fora as de São Paulo) estão em péssimo estado, mesmo com pedágio sendo cobrados de algumas. As ferrovias foram jogadas no lixo. Praticamente 21 mil quilômetros viraram sucata, como a Sorocabana, da qual falei há algumas semanas.

A saúde, educação e segurança pública estão em péssimas condições de serviços) (Graças a Deus, existem algumas exceções).

E agora, os governos acabam de decretar o fechamento e paralisação de lojas, shopping centers, viagens, hoteis etc. Excursões e viagens de turismo foram canceladas. Fomos proibidos de sair de casa.

Fica a pergunta: como será nossa vida daqui a um mês? Ou daqui a dois anos? As medidas tomadas vão acabar com os mercados. Milhões será postos na rua e não haverá dinheiro para custear as obras necessárias e os desempregados.

Se eu tenho a solução? Claro que não. Mas tenho medo que as mortes que possam ser evitadas nos próximos meses sejam compensadas por efeitos maléficos da caça ao vírus. E chega.

domingo, 8 de março de 2020

ESQUINA EM "V": RUAS DR. FALCÃO X JOSÉ BONIFÁCIO (2019 E ANTES)



ACIMA: A esquina da rua Doutor Falcão com a José Bonifácio, dando no Pique, no princípio do século XX (Autor desconhecido)
Quem passa pelo Anhangabaú hoje, especialmente pela calçada central, tem, num determinado ponto, na praça das Bandeiras, uma esquina quase em "V": São as ladeiras (ruas) Doutor Falcão e José Bonifácio.

No passado a praça das Bandeiras era bem menor e se chamava Largo do Piques ou, simplesmente, Piques.

Pelo Piques, nome que se sustentou até o início dos anos 1940 e local em que a inundação era sempre presente em dias de chuva, chegava (ou saía, mais correto) a estrada para Santo Amaro (hoje rua de Santo Amaro, naquele ponto, depois Brigadeiro Luiz Antonio (antiga estrada de Santo Amaro).

Também dali saía a estrada para Itu ou Sorocaba, dependia do seu destino, via atual rua Quirino de Andrade, Xavier de Toledo e rua da Consolação. E outros caminhos, como o de Campinas, via avenida São João e rua das Palmeiras.



ACIMA:A mesma esquina da primeira foto, já no século XX. O sobradinho triangular em primeiro plano teimava em continuar (Autor desconhecido).


ACIMA: A mesma esquina. Parte da rua Doutor Falcão virou calçadão, à esquerda do prédio que ocupou o lugar do sobradinho. A rua da direita dele, José Bonifácio, manteve o seu curso (Google Maps).
Mas e a esquina citada acima? Foi mudando também. Não durou muito o sobreadinho no meio da foto, Com as várias obras no Anhangabaú, desapareceu em data incerta e não conhecida por mim.

Hoje é assim, por lá. Como será daqui a 50 anos?