A rua da Consolação é uma das ruas mais antigas da cidade de São Paulo, sendo provavelmente anterior à sua fundação. Historiadores citam-na como sendo parte da Trilha Tupiniquim, que ligava São Vicente a Assunção, no Paraguai - parte dos caminhos do Peabiru, construído por indígenas pre-colombianos.
Se é que se poderia chamar de rua uma trilha estreitíssima no meio da selva fechada utilizada apenas por índios caminhando a pé que provavelmente tinham de avançar constantemente quebrando galhos de árvores e arrancando grandes touceiras.
Por volta de 1810, a rua foi aberta oficialmente, tomando esse nome por ligar o Piques, no largo da Memória, à igreja da Consolação e dali para a frente para Pinheiros e Sorocaba. Por boa parte do século XIX, a rua da Consolação tinha este nome até a igreja. Com a construção do Cemitério da Consolação, em 1858, o nome acabou sendo estendido até ele.
Acima, a rua da Consolação em 1930, trecho cemitério até alameda Franca (Sara Brasil)
Dali para a frente, sabe-se que já tinha o nome de rua da Consolação no final do século XIX o trecho onde terminava a avenida Paulista a partir de 1891. Já o trecho entre este ponto e a rua Estados Unidos já existia em 1905 e possivelmente surgiu com o loteamento da Villa America, em terrenos da antiga Fazenda Caaguassu. O nome deste trecho, de largura sempre menor do que a rua original, principalmente depois que esta foi duplicada, mantém sua largura igual às paralelas (Bela Cintra, Haddock Lobo) até hoje e resistiu a investidas nos anos 1960 e 1970 de tentativas de mudanças de nome, sempre rejeitadas pelos moradores.
Até os anos 1990, ainda podia ser vista pelo menos uma placa - não me lembro em qual esquina, possivelmente da alameda Franca ou Tietê - com o nome proposto, Rua Padre Donizetti Tavares de Lima. Aliás, a rua inteira é muitas vezes chamada na imprensa de Avenida da Consolação, devido ao alargamento que houve no final dos anos 1960, mas permanece o nome de rua da Consolação.
Com a implantação dos bondes elétricos pela Light na cidade de São Paulo em 1900, a rua da Consolação logo ganhou suas linhas também, embora já as possuísse com bondes a tração animal antes disso - eram bondes que subiam pela Brigadeiro Luiz Antonio, entravam pela Paulista e desciam a Consolação e vice-versa. Com os bondes elétricos, mais linhas surgiram, desaparecendo todas até 1966.
Para entender a numeração antiga da rua da Consolação, que vigorou até a segunda metade dos anos 1930, quando foi substituída pela numeração métrica de hoje, saiba que: o nº. 2 estava junto à rua Braulio Gomes; onº. 18, junto à São Luiz; o nº. 35, à rua Major Quedinho; o nº. 64, à rua Araújo; o nº. 84, à rua Martinho o nº. 111, à rua Olinda (atual Guimarães Rosa); o nº. 127, junto à Caio Prado; o nº. 152, junto à rua Maria Antonia; o nº. 192, junto à rua Marquês de Paranaguá; o nº. 216, junto à rua Visconde de Ouro Preto; o nº. 215, junto à rua Sergipe; o nº. 226, à rua Piauí; o nº. 237, junto à rua Pedro Taques; o nº. 346, à rua Maceió; onº. 369, à rua Fernando de Albuquerque; o nº. 391, junto à rua Santa Cruz (hoje Matias Ayres); o nº. 417, à rua Antonio Carlos.
Elas não seguiam nenhuma lógica de métrica, o número do outro lado da rua poderia estar muito mais acima ou abaixo do que o seu fronteiriço, mas a numeração era sempre crescente e, como hoje, os números pares ficavam ao lado direito a partir do início da rua. Estes dados foram obtidos a partir do Almanach para 1916 de O Estado de S. Paulo.

A numeração da rua foi, finalmente, alterada para a atual em maio de 1939, agora obedecendo a uma sequência métrica. Os números antigos foram todos mudados e a lista de cada imóvel que existia então está acima.
Finalmente, as residências, escritórios e lojas em 1962, de acordo com a Lista Telefônica da CTB (abaixo).