Duas opções das quatro sugeridas. Nenhuma das duas acima foi utilizada, a ligação passou por baixo da praça inteira. (Folha de S. Paulo, 13/9/1966)
.
Eu já escrevi neste blog sobre a construção da Radial Leste, há cerca de três anos. Já sobre a ligação da Radial Oeste com a Radial Leste, creio que não.
A Radial Leste, a partir do Parque Dom Pedro II, começou a ser construída bem antes, ainda nos anos 1950. Já a Radial Oeste, da Praça Roosevelt para a avenida São João, estava sendo acabada com o alargamento da rua Amaral Gurgel ainda no final de 1966.
Além de nem se falar em Minhocão nessa época, via que acabou deteriorando a própria Amaral Gurgel duplicada e a São João e sua continuação, a General Olímpio da Silveira, em outubro de 1966 ainda se discutia como a rua Amaral Gurgel iria atingir a avenida Alcântara Machado ali no Braz. A Praça Roosevelt ainda mantinha sua feira aos sábados e a passagem do Oeste para o Leste da cidade ainda era feita pelo centro novo da cidade, seguindo a Consolação, Maria Paula até a Praça João Mendes e dali se descendo para a Rangel Pestana.
Eu estudava no Colégio Visconde de Porto Seguro e não me lembro tão bem assim dessa obra.
A discussão em outubro de 1966 era sobre se a ligação seguiria pelo alargamento da rua Caio Prado, se sobre uma paralela a ela a ser construída - o que levaria à demolição do Colégio Des Oiseaux ou ainda se passaria pela rua Olinda (hoje rua Guimarães Rosa), a rua lateral da Praça Roosevelt, o que levaria 'a demolição certa do Col~egio onde eu estudava.
Dessa discussão não li nada na época, mas hoje sei que os jornais a noticiavam. No fim, acabaram escolhendo uma quarta opção, fazendo a reforma total da praça Roosevelt - em cima e em baixo. Ou seja, em cima tornou-se um parque de concreto onde apenas a igreja da Consolação sobrou em pé entre as duas ruas que a formavam (Olinda e Martinho Prado) e por baixo fez-se a ligação entre a rua Amaral Gurgel e o Braz.
Após passar por baixo da praça, a avenida passou também sob a rua Augusta e por cima da rua Avanhandava e da avenida Nove de Julho (este foi chamado de Viaduto do Café) e depois, por uma enorme trilha de demolições, no meio do bairro do Bexiga, cortando várias ruas, passando por sobre a avenida 23 de Maio, por baixo da avenida da Liberdade e da rua Galvão Bueno, para finalmente ter uma saída para a Alcântara Machado passando por sobre o Parque Dom Pedro II. O parque foi destru~ido por uma sequência de viadutos nos anos 1960.
Uma das opções para a Leste-Oeste está retratada no mapa no topo da página.
Por fim, posso dizer que me lembro das obras de construção do viaduto da rua Augusta sobre a ligação Leste-Oeste; do bate-estacas na Praça Roosevelt funcionando os dias inteiros em 1968; do alargamento da rua da Consolação, especialmente em frente à praça Roosevelt e na subida até a Paulista. Uma "carnificina" de belas casas na época.
O Colégio Porto Seguro sobreviveu. Mudou-se para o Morumbi em 1972 e hoje é o Caetano de Campos. O Des Oiseaux foi demolido no início de 1970, mas não por causa de alargamento de rua alguma. No seu terreno, até hoje não existe coisa alguma.
Mostrando postagens com marcador rua Amaral Gurgel. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador rua Amaral Gurgel. Mostrar todas as postagens
terça-feira, 16 de setembro de 2014
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
A SÃO PAULO (E CAMPINAS) DOS MEUS CATORZE ANOS
Viaduto da Vila Matilde alguns dias antes de sua abertura ao tráfego - Folha de S. Paulo, 19/11/1965
.
O ano era 1965, mais precisamente no final desse ano. Selecionei, na minha infindável pesquisa em jornais - Folha de S. Paulo, no caso - alguns fatos e fotos interessantes, aleatórios, que mostravam um momento de muitas obras na cidade.
Prestes Maia havia deixado o governo no início do ano e falecido pouco tempo depois; o prefeito eleito assumiu, Brigadeiro Faria Lima, e não somente completou as obras de Prestes Maia, como também iniciou outras, algumas já em projeto, outras não. Pena a má qualidade das fotos nas reproduções.
Uma delas, vista no topo da página, era a entrega do viaduto da Vila Matilde, junto à estação e sobre a linha da Central - hoje CPTM.O viaduto era inclinado e tinha saída das calçadas para a estação por escadas e rampas que lhe davam acesso. O viaduto ainda existe, mas a estação foi fechada há catorze anos já. A foto foi publicada em 19 de novembro; o viaduto foi inaugurado nove dias mais tarde.
Obras de alargamento da rua Amaral Gurgel em foto publicada pela Folha de S. Paulo em 30/11/65
.
Outro fato relevante, com uma foto publicada no dia 30 de novembro (ver logo acima), foi o início do alargamento da rua Amaral Gurgel. Na época, ela começava a ser duplicada, mas ainda não se previa o famoso e amaldiçoado Minhocão sobre ela. Segundo a reportagem, o processo de desapropriações se arrastara por trinta anos, e em novembro de 1965 ainda havia alguns imóveis em pé e ocupados entre a rua da Consolação e a Major Sertório, que deveriam ser desocupados no máximo até o dia 22 de dezembro.
Foto publicada pela Folha de S. Paulo em 18/9/1965 mostrando o encontro das avenidas da Traição (futura Bandeirantes) com o córrego no meio e das avenidas Moreira Guimarães e Washington Luiz
.
Também se iniciava o viaduto que uniria as avenidas Moreira Guimarães e Washington Luiz, sobre o córrego da Traição e a avenida do mesmo nome. Avenida era modo de dizer, pois era apenas um caminho de terra sem alinhamento e sem proteção em relação ao córrego ainda a céu aberto, que seria asfaltada em 1970 e o seu nome trocado então para avenida dos Bandeirantes. A foto acima mostra o início dessas obras.
Folha de S. Paulo, 9/12/1965 - o palco e a igreja do Teatro Carlos Gomes vista através dele no final da demolição do prédio
.
Finalmente, uma foto não de São Paulo, mas de Campinas: a demolição do Teatro Carlos Gomes, projetado por Ramos de Azevedo em 1930 e demolido em dezembro de 1965, por motivos não muito bem explicados: era o maior teatro da cidade (ver foto acima) e nunca foi reconstruído outro em seu lugar. Agora, cinquenta anos mais tarde, fala-se em construir outro. A foto acima mostra a última parede dele em pé, justamente a do palco, através do qual se via a igreja atrás. Abaixo, o teatro ainda de pé.
.
O ano era 1965, mais precisamente no final desse ano. Selecionei, na minha infindável pesquisa em jornais - Folha de S. Paulo, no caso - alguns fatos e fotos interessantes, aleatórios, que mostravam um momento de muitas obras na cidade.
Prestes Maia havia deixado o governo no início do ano e falecido pouco tempo depois; o prefeito eleito assumiu, Brigadeiro Faria Lima, e não somente completou as obras de Prestes Maia, como também iniciou outras, algumas já em projeto, outras não. Pena a má qualidade das fotos nas reproduções.
Uma delas, vista no topo da página, era a entrega do viaduto da Vila Matilde, junto à estação e sobre a linha da Central - hoje CPTM.O viaduto era inclinado e tinha saída das calçadas para a estação por escadas e rampas que lhe davam acesso. O viaduto ainda existe, mas a estação foi fechada há catorze anos já. A foto foi publicada em 19 de novembro; o viaduto foi inaugurado nove dias mais tarde.
Obras de alargamento da rua Amaral Gurgel em foto publicada pela Folha de S. Paulo em 30/11/65
.
Outro fato relevante, com uma foto publicada no dia 30 de novembro (ver logo acima), foi o início do alargamento da rua Amaral Gurgel. Na época, ela começava a ser duplicada, mas ainda não se previa o famoso e amaldiçoado Minhocão sobre ela. Segundo a reportagem, o processo de desapropriações se arrastara por trinta anos, e em novembro de 1965 ainda havia alguns imóveis em pé e ocupados entre a rua da Consolação e a Major Sertório, que deveriam ser desocupados no máximo até o dia 22 de dezembro.
.
Também se iniciava o viaduto que uniria as avenidas Moreira Guimarães e Washington Luiz, sobre o córrego da Traição e a avenida do mesmo nome. Avenida era modo de dizer, pois era apenas um caminho de terra sem alinhamento e sem proteção em relação ao córrego ainda a céu aberto, que seria asfaltada em 1970 e o seu nome trocado então para avenida dos Bandeirantes. A foto acima mostra o início dessas obras.
Folha de S. Paulo, 9/12/1965 - o palco e a igreja do Teatro Carlos Gomes vista através dele no final da demolição do prédio
.
Finalmente, uma foto não de São Paulo, mas de Campinas: a demolição do Teatro Carlos Gomes, projetado por Ramos de Azevedo em 1930 e demolido em dezembro de 1965, por motivos não muito bem explicados: era o maior teatro da cidade (ver foto acima) e nunca foi reconstruído outro em seu lugar. Agora, cinquenta anos mais tarde, fala-se em construir outro. A foto acima mostra a última parede dele em pé, justamente a do palco, através do qual se via a igreja atrás. Abaixo, o teatro ainda de pé.
O teatro ainda inteiro - foto http://spressosp.com.br
.
.
sábado, 8 de maio de 2010
KASSAB DELIRA 2: O LIXO NA CIDADE

Ainda sobre o caso da demolição do Minhocão, o jornal O Estado de S. Paulo publicou hoje uma estimativa de custos para se fazer a demolição e as mudanças para compensá-la: avenidas, linha da CPTM subterrânea, pátios alterados etc., e chega à conclusão que tudo seria estimado em mais de 2 bilhões de reais, SEM CONTAR o que é impossível de ser cotizado no momento, como quanto custaria a modificação da linha do metrô já existente que passa pela Barra Funda, a terceira linha para cargas, relocação de fiação e galerias subterrâneas, etc.
Realmente, não é coisa para se brincar. Por outro lado, embora concorde que o Minhocão nunca deveria ter sido feito, que em 1969 era mais fácil se construir algo melhor como ligação Leste-Oeste, que o elevado é horrível e provocou - isso era previsível na época, mas ninguém se importou - uma degradação das avenidas Amaral Gurgel, São João e General Olimpio da Silveira, hoje ele existe, está lá e, embora sempre congestionado, não tem substituto a custo razoável.
Então, senhores que vivem nos prédios ao lado dele, que lutem por seus direitos: peçam incentivos do poder público para diminuir o nível de ruído, como vedações de janelas e policiamento decente e manutenção da parte "coberta" pelas pistas de forma no mínimo decente. Isto porque, em minha modesta opinião, o Minhocão nunca vai sair dali.
Por outro lado, seria melhor gastar todo esse dinheiro - que, segundo o próprio prefeito, São Paulo não tem, de acordo com o que ele falou alguns dias antes, citado em minha postagem de ontem - em outras coisas mais importantes. Vou dar meu palpite: limpar a cidade. Ontem mesmo, eu estava esperando um ônibus num ponto na Cardeal Arcoverde, quase na esquina com a rua Cunha Gago, em Pinheiros. Ô sujeira. Dirão que o povo não tem educação. Realmente, parte dele não se importa nem um pouco com a sujeira, mas é verdade também que naquele local não há uma única lata de lixo à vista. A solução: Além de colocar o cesto, colocar um funcionário de limpeza para fazê-la constantemente, de forma que, aos poucos, as pessoas que se utilizam do ponto se acostumariam em vê-lo limpo e pensariam duas vezes antes de jogar cigarros etc no chão.
Curioso que há um bar bem na frente do ponto. O bar é imundo. Parece que nem seus usuários nem o seu dono se preocupam com a sujeira nem na calçada em frente a ele nem em seus degraus de entrada. Fica realmente difícil dessa forma. Mas, como eu ando mais de ônibus nos últimos tempos, vejo também mais a sujeira da cidade, vendo-a "do alto" das janelas do coletivo. Está muito suja, e parece que só eu me importo... mas não é verdade, a situação não pode continuar assim.
Marcadores:
avenida São João,
bairro de pinheiros,
CPTM,
metrô,
Minhocão,
rua Amaral Gurgel,
rua Cardeal Arcoverde
Assinar:
Postagens (Atom)