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sábado, 28 de fevereiro de 2015

AS QUILOMETRAGENS DAS ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS BRASILEIRAS

Porto Esperança, 1947 (O Estado de S. Paulo)
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Outro dia, recebi um e-mail de uma pessoa a qual não conheço, fazendo-me uma pergunta, baseado em algo que leu no meu site de estações ferroviárias.

Recebo constantemente mensagens assim. Boa parte não tenho condições de responder, por serem perguntas sobre pessoas que viveram há muito tempo atrás, por algum tempo, próximo a alguma estação perdida. Como poderia saber, a não ser por uma enorme coincidência? Boa parte não perco tempo em responder, por ser gente que pergunta o impossível, ou o óbvio. E há uma parte que respondo com prazer.

Às vezes a resposta é curta, às vezes toma algum tempo. O fato é, que, no geral, eu não tenho tempo para responder a todo email que recebo, sou obrigado a selecioná-las. Na verdade, não sou a exceção; sou a regra.

A pessoa, de outro estado, perguntava como localizar um determinado local tendo apenas a quilometragem da Noroeste do Brasil, em 1910. Era um quilômetro cento e alguma coisa, na região de Porto Esperança. E queria saber a que município deveria se referir. Resposta (que dei para ele): muito difícil de saber, por causa da época e de a ferrovia estar em construção, nessa época.

Comentando um pouco mais: entre 1910 e 1914, a Noroeste estava no início da construção da então chamada E. F. de Itapura a Corumbá, que se ligaria em Jupiá (ao lado de Itapura) a Corumbá, na fronteira com a Bolívia. Fazia-o em três frentes: Jupiá a Água Clara, Pedro Celestino a Porto Esperança, e a linha no meio desses dois trechos, onde estava a estação de Campo Grande e que, sabe-se Deus por que, foi a última a ser terminada. Portanto, dar uma quilometragem nessa linha que poderia estar estar em qualquer uma delas - embora o mais provável fosse que estivesse na mais distante de São Paulo, pelo que o remetente afirmou - seria um chute no escuro.

Vale lembrar que o trecho de Porto Esperança a Corumbá somente foi aberto em 1953; até ali, os trens somente trafegavam até Porto Esperança e dali os passageiros seguiam por barco, pelo rio Paraguai, até Corumbá - cerca de 100 quilômetros.

A quilometragem era baixa, o que não é uma surpresa, visto que, por muito tempo, elas eram construídas dando referências de quilometragens dentro de cada trecho, e somente após a união deles à ferrovia original (entre elas e também com a Noroeste em São Paulo, que já estava pronta e funcionando entre Bauru e Itapura), eram acertadas a partir da estação de princípio de toda a linha - Bauru, no caso. E em cada um desses trechos, o zero poderia estar tanto no final do trecho como no início. E o município? Se hoje, olhando apenas um mapa, já seria difícil de saber, imagine em 1910, quando a divisão municipal em qualquer Estado do país era muito diferente da de hoje.

Como a quilometragem fornecida por ele era baixa (cento e alguma coisa), e a Noroeste já começa em Mato Grosso do Sul por volta do km 450, era claro que estávamos falando de quilometragem de trechos de construção. 

Pessoas me questionam constantemente sobre a quilometragem que aparece nas páginas das estações de meu site. Se o leitor estiver seguindo uma linha, pode acontecer de uma quilometragem esteja muito diferente do que se espera ler quando se avança uma estação. O motivo: nem sempre a quilometragem vem da mesma fonte. O ideal é ter a mesma fonte, mas em alguns casos, não dá. Quilometragens mudaram com o tempo, pois houve inúmeras retificações de linha feitas nas estradas de ferro brasileiras (e no mundo inteiro). Por isso, coloco após a quilometragem a data da fonte.

Mas há casos em que a data não aparece. Há casos em que nem a quilometragem aparece. Não aparece por que não tenho. Se for uma estação que tenha sido construída após 1960, data do Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, fonte que uso na maior parte das ferrovias, especialmente fora do Estado de São Paulo, raramente essa estação terá uma quilometragem assinalada.

Muitas vezes a quilometragem é diferente da que aparece na placa que ainda subsiste numa estação, mesmo abandonada. Depende da data em que a placa foi colocada. O Guia Geral tem erros também... o difícil é saber quais são esses erros.

Se o leitor perceber, verá que a Paulista, a Central do Brasil, a Mogiana, a Sorocabana, a Santos-Jundiaí e a Rede de Viação Paraná-Santa Catarina têm quilometragens com datas diferentes da de 1960, o que mostra que consegui os números em relatórios de época. E, se uma estação tiver sido construída depois desses relatórios, terá provavelmente uma quilometragem "estranha" ou mesmo não a terá - como eu disse, dependerá de há quanto tempo ela existe.

O mesmo refere-se às altitudes, com a diferença que as altitudes não mudam - somente se a estação mudar de lugar. Ou tenha havido correção de medida. Mas, afinal, se as concessionárias atuais pouco se importam em dar nomes aos pátios de cruzamento que constroem hoje em dia, sem construções, apenas trilhos, por que se importariam com quilometragens e com altitudes?

Somente para constar: a quilometragem de uma estação de passageiros é medida tendo como referência o eixo central desse prédio. Nos pátios de construção recente, que tecnicamente também são estações, como se medirá o eixo central de um prédio que não existe?

Em suma, não é tão fácil fazer um site como este (www.estacoesferroviarias.com.brwww.estacoesferroviarias.com.br); imagine, então, explicar as nuances de quase cinco mil páginas.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

CONFUSÃO QUILOMÉTRICA

Rodei cerca de 530 quilômetros ontem, segunda-feira, e hoje cedo, indo de São Paulo para Curitiba e desta para Joinville.

É interessante reparar as quilometragens das rodovias. Primeiro, estive por poucos quilömetros na Castelo Branco, rodovia estadual de São Paulo, onde a quilometragem começa no quilômetro 13 ou 14. Estrada estadual, a convenção é que o quilômetro zero seja na Praça da Sé. Como a estrada não começa nesse marco zero, as quilometragens somente aparecem quando a estrada realmente surge, nesse caso no quilômetro citado.

Seria interessante se tivéssemos placas de quilometragem dentro da cidade em ruas comuns, onde, se isto ocorresse, estas teriam de vir também com o número da rodovia. O problema é que esses números são pouco mostrados e a população mal os conhece. Eu mesmo jamais consegui decorá-los e sempre me confundo. A Castelo Branco é, salvo engano, a SP-280, SP porque é estadual e 280... sei lá por que! Não seria interessante se o governo explicasse qual o critério para chegar a este número?

Depois, deixei a Castelo e entrei no Rodoanel, outra estrada estadual. Como ela gira em volta de Sõ Paulo, portanto, do marco zero, seu km 0 foi definido no ponto em que ela começou a ser construído, dali para o sul: a estrada velha de São Paulo a Campinas, que, em São Paulo, chama-se hoje avenida Raimundo Pereira de Magalhães.

Saio do rodoanel na junção com a BR-116, estrada federal que começa em Fortaleza e termina na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Cruza o país de norte a sul. Não sei quantos quilômetros tem, mas certamente, mais de 3 mil. Em cada estado, a quilometragem zera no ponto norte e termina na fronteira sul; aí, recomeça no estado seguinte. Em São Paulo, o quilômetro zero está na divisa Rio-São Paulo, em Queluz, e o quilômetro 569, na fronteira com o Paraná, no município paulista de Barra do Turvo... ou ali será Sete Barras? O fato é que as divisas de municípios não são indicadas na Regis Bittencourt, que é o trecho que liga a Capital ao Paraná.

Donde se depreende que a BR-116 (BR de Brasil e 116... sabe Deus de onde), antiga BR-2, tem dois nomes no Estado paulista. A quilometragem paulista é interrompida dentro da Capital, onde a BR-116 desaparece. Para conseguir ligar os dois trechos, Dutra e Regis, tem-se de cruzar a cidade de norte a sul ou pelas Marginais do Pinheiros e do Tietê, que são rodovias estaduais. A quilometragem final da Dutra é 231, junto à Marginal do Tietê, e um número próximo de, sei lá, 270, no final da avenida Francisco Morato, na divisa Capital-Taboão da Serra, quando BR-116 volta a aparecer.

No Paraná, o quilômetro zero paranaense vem logo após o 569 paulista. Porém, quando a estrada chega na junção com o rodoanel de Curitiba, ali perto da estrada da Graciosa, BR-QQ6 continua no sentido de Curitiba e zera a quilometragem... de novo. Mais para o sul, depois de passar Curitiba e cruzar o rodoanel novamente, a quilometragem volta ao que devia ser. Por que? Quem explica?

No Paraná, a Curitiba-Joinville desce a serra como BR-376, rodovia federal, e quando cruza a fronteira catarinense no município de Garuva, ela zera, como esperado, mas muda a estrada, que passa a ser outra federal, a BR-101. Por que? E o trecho paranaenses da BR-101? Simplesmente não existe. A verdade é que essa confusão, que existe em diversas outras estradas que aqui não citei, somente ajuda a atrapalhar a compreensão e as viagens dos motoristas.