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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

ARARAQUARA E A SUA NOÇÃO DE PROGRESSO

Um dos primeiros troleibus na cidade de Araraquara (Folha de S. Paulo)Conheço a cidade de Araraquara, no Estado de São Paulo. A cidade tem quase duzentos anos de idade e é bastante agradável. Ela não nasceu com a ferrovia, como muitas no Brasil, mas com certeza, com a sua chegada em 1885, cresceu bastante. Possivelmente não cresceria tanto assim sem ela.

Em 1898, mais uma ferrovia, desta vez com sede na própria cidade, começou a operar na cidade, a Estrada de Ferro Araraquara. Araraquara passou a ser um entroncamento de duas ferrovias, condição muito boa para um crescimento mais rápido que suas vizinhas.

Veio o século XX e, como praticamente todas as cidades do mundo, Araraquara foi invadida por automóveis, caminhões e ônibus. A ferrovia continuava ali, firme.

Em 1959, a cidade ganhou linhas de ônibus elétricos, também chamados de troleibuses. (O plural eu assumo a responsabilidade - afinal, a palavra "tróleibus" tem plural?)

Em 1962, Araraquara era uma das poucas cidades do Estado a tê-los. Uma visão moderna do futuro, com energia limpa, sem poluição. Somente São Paulo, Santos e Ribeirão Preto os tinham (será que me esqueci de alguma da época?). Rio Claro veio depois, mas somente rodaram sete anos, entre 1986 e 1993 (mais dinheiro jogado fora).

Em 1980, a frota, que já tinha trinta e oito veículos, foi ampliada com ônibus elétricos mais modernos. Foi um investimento de R$ 40 milhões de cruzeiros, equivalentes a cerca de U$ 700 mil dólares na época.

Pois bem: em 1992, tudo foi erradicado. Acabaram-se os ônibus na cidade. Muitos moradores da cidade não entenderam o por quê.

Considerando-se que uma variante para a ferrovia que passa por Araraquara foi terminada neste ano, liberando-se os trilhos para a colocação de um Veículo Leve sobre Trilhos e que isto não irá ocorrer (é quase certo que os trilhos velhos sejam arrancados para a construção de uma poluente avenida) e ainda que, em 1983, a Prefeitura queria utilizar a velha linha para um "metrô de superfície", nome muito usado na época para os atuais VLTs e que isso não saiu também, podemos concluir que a cidade está andando para trás desde 1983.

Fora o fato de que não somente os 700 mil dólares de 1980 - houve também outros investimentos nas linhas de tróleibus desde sua implantação em 1959 - foram jogados no lixo, Araraquara pode ser considerada um exemplo de que não se administra uma cidade.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

O FESTIVAL DE ABSURDOS QUE ASSOLA O PAÍS - E SUAS FERROVIAS...

Depois, reclamam que o transporte é ruim.

Pois é, construir ferrovias no Brasil é difícil. Mas é difícil, também, fazê-las rodar.

As notícias colhidas nos últimos dias levam a pensar: qual é a seriedade real das pessoas neste país? Dos governantes, ante as situações às vezes absurdas que enfrentamos?

Vejamos, pois:

Obras do VLT de Fortaleza atingem 15% (16/10/2012 - Diário do Nordeste): "O maior entrave são trechos no projeto em que são necessárias desapropriações de moradores, o que já motivou até desacordo entre Prefeitura e Governo. O equipamento fará a conexão ferroviária de 12,7 km entre a Estação Parangaba e o Porto do Mucuripe." Mas há quanto tempo a construção da linha vem sendo anunciada e discutida? Somente agora estão discutindo desapropriações?

Prefeitura Campinas manda ALL parar corte de árvores (04/10/2012 - G1 Campinas e Região): "A obra da ALL prevê duplicação da ferrovia entre Itirapina-Boa Vista (Campinas) e Santos (SP), com extensão de 383 quilômetros. O investimento é de R$ 535 milhões. (...) A empresa América Latina Logística (ALL) recebeu nesta quarta-feira (4) uma notificação feita pela Prefeitura de Campinas (SP) para que suspenda o corte de árvores nos locais compreendidos pela expansão da linha férrea no município, sobretudo no Jardim Florence. Neste bairro, moradores já se manifestaram contra a possível derrubada de um bosque comunitário, com cerca de 800 metros quadrados. (...) Segundo o chefe do Setor de Fiscalização Ambiental (SFA), Flávio Gordon, a permissão para as obras foi concedida pelo Instituto de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), sem que a administração municipal fosse consultada." Ou seja, um órgão autoriza, não comunica o outro, que diz que o outro não pode dar ordens sozinhos, etc. E pedem estudos ambientais, o diabo a quatro. Enquanto isso, todos ficam esperando. Não são sérios.

EMTU adia de novo licitação de sinalização do VLT Santos (05/10/2012): "Foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo (DOE) desta sexta-feira (05/10) o novo adiamento da sessão pública de abertura e entrega de envelopes da licitação do fornecimento dos sistemas de sinalização, controle e energia do VLT da Baixada Santista, para o trecho entre o Terminal Barreiros (São Vicente) e o Terminal Porto (Santos), incluindo a extensão Conselheiro Nébias-Valongo. A nova data será 22 de outubro. A licitação foi lançada em agosto, com a sessão pública prevista para 25 de setembro. Uma semana antes da sessão, a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU/SP), responsável pelo projeto, anunciou o adiamento para 09 de outubro e agora publicou a nova data. De acordo com a EMTU, as duas alterações de datas foram por novos pedidos de esclarecimentos sobre o edital." Pelas notícias dos últimos dez, vinte anos, seja lá o que foi, o governo não sabe fazer editais. Já repararam que todas as concorrências públicas têm seguidamente editais suspensos? O governo ainda não aprendeu a fazê-los e um dos motivos talvez seja o excesso de regulamentação, caótica e cheio de armadilhas e duplas interpretações, feitos para permitir... bom, deixa para lá.

 Trecho da Estrada de Ferro Carajás é liberado (05/10/2012 - G1 MA): "Liberada na madrugada desta sexta-feira (5), a Estrada de Ferro Carajás (EFC), que estava bloqueada desde a manhã de terça-feira (2) por índios Guajajaras. O trecho no Km 289 da ferrovia, entre os povoados de Mineirinho e Auzilândia, no município de Alto Alegre do Pindaré, que fica a 340 km de São Luís, foi bloqueado pelos índios em protesto à portaria 303, da Advocacia Geral da União, que trata da demarcação de terras indígenas. As operações ferroviárias da EFC estavam paralisadas. A viagem do trem de passageiros foi interrompida. A assessoria da Vale não informou, até o momento, se houve reunião com os indígenas para negociar saída do local." Para que se fazem leis neste país, já que ninguém as respeita? Ninguém vai jogar um processo contra os indígenas por perdas e danos? E, mesmo que o façam (duvido), o prejuízo dos passageiros por não terem o transporte por três dias é praticamente incalculável.

Enquanto isso, notícia-se que o monotrilho de Manaus e o VLT de Brasília não sairão antes da Copa, pois não vai dar tempo. Claro que não. Demora-se anos e anos para se construir linhas curtas, por causa de tudo isso. Pelo visto, para a Copa de 1914 só vão saie estádios, mesmo. Todo o resto, que se dane. Vou parar por aqui, pois já estou ficando irritado.