Arquivos Sud Mennucci - ano aproximado 1940
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Antes de mais nada, deixe-me dizer o que acho do panamericanismo: uma farsa.
Ultimamente ouve-se falar da ligação do Brasil com o Oceano Pacífico.
Fala-se dela desde que a ferrovia existe no Brasil, mas somente nos anos 1930 ela ganhou forma. O populismo de Getúlio Vargas queria fazê-la da ainda não existente ferrovia Brasil-Bolívia (então sendo construída desde Corumbá em demanda de Santa Cruz de La Sierra) entrando pelo Chile a partir de La Paz.
Para isto, era apenas necessário que se unisse Porto Esperança a Corumbá e, depois, que a Brasil-Bolívia (conhecida mais tarde como "Ferrovia da Morte") chegasse a Santa Cruz e, que desta cidade, fosse unida a Cochabamba. Daí para a frente, via Oruro e La Paz, já existia uma ferrovia, que chegava ao porto de Arica, no norte do Chile.
Porto Esperança somente foi ligada a Corumbá em 1953. A Brasil-Bolívia somente ficou pronta mais ou menos nessa época. A ligação entre Santa Cruz e Cochabamba, que eu saiba, jamais saiu (não fui pesquisar isto - falar em ferrovias fora do Brasil no meu caso é temerário).
E ficou por isso mesmo, não sem antes colocar a culpa nos Estados Unidos, que teriam sabotado essa ligação (não teriam interesse que isso ocorresse, para que a América do Sul não aumentasse o seu comércio com o Extremo Oriente - mais uma teoria da conspiração. Eram os deuses astronautas?).
Meu avô Sud Mennucci defendia essa ligação, mas, pouco antes de morrer, desiludido, já não acreditava em coisa nenhuma que viesse do governo tupiniquim. Ele morreu no interregno Dutra (1946-1951) do longo governo Vargas (1930-1954). Seus artigos, publicados no extinto jornal A Cidade, mostravam uma desilução enorme com tudo o que sempre defendeu por boa parte da vida. E ele morreu mais moço do que sou hoje (tinha 56 anos apenas).
Já existiam, na época em que o mapa acima foi desenhado (o mapa me chegou, dos arquivos de meu avô, sem data - pelas ferrovias que contém, estimo que seja do início dos anos 1940, quando Londrina estava sendo ligada a Apucarana, no PR), outras ligações entre países do Cone Sul por ferrovia: São Paulo/Rio para Montevideo e São Paulo/Rio para Buenos Aires, via Uruguaiana (e conseguia-se chegar a Santiago também, a partir de Buenos Aires).
Mas era uma ligação sempre difícil, tanto para cargas quanto para passageiros. Mudanças de bitola (dentro do Brasil e nas fronteiras com a Argentina e Uruguai), curvas em demasia, estradas de ferro algumas já obsoletas, distâncias muito maiores do que deveriam ser.
Costumava-se, por exemplo, apesar de existirem ligações ferroviárias, ir de Rio de Janeiro ou de Santos a Porto Alegre e a Buenos Aires de navio - era mais fácil. Falo aqui também de cargas e de passageiros.
Folha de S. Paulo.
Agora, semanas atrás, a presidente resolveu anunciar a construção de outra ligação para o Pacifico. Ela ligaria o Porto do Açu, próximo a Campos, norte do Estado do Rio de Janeiro, ao litoral sul do Peru, passando somente por estes dois países, via Rondonia e Acre. Este porto é aquele que começou nas mãos do Eike Batista e que parece que vai sair ou já saiu, nunca sei - as notícias não são muito claras e eu não pesquiso essa área.
Enfim, a procura de uma saída mais fácil para a China por mar, sem utilizar o Canal do Panamá ou o futuro Canal da Nicarágua.
O problema é saber - isto sai? Primeiro, depende de dois países: Brasil, hoje falido, e Peru. Depende também de financiamento, pois dinheiro é coisa rara no Brasil hoje em dia. Os chineses parece que financiam. Se não forem eles, ninguém neste instante vai fazê-lo. E depende de competência dos governos brasileiros e peruanos. No Peru não sei, mas, no Brasil, competência é coisa mais difícil que dinheiro.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil tentou fazer a sua ligação ferroviária interna, do norte ao Sul. Mas isto é assunto para amanhã.
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domingo, 31 de maio de 2015
domingo, 8 de março de 2015
ENQUANTO NOSSAS FERROVIAS VIRAM POEIRA, NA ARGENTINA...
Autor das fotografias: desconhecido
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Meu artigo de ontem falou deste trem na Argentina, novíssimo, elétrico, linha Buenos-Aires a Cordoba. A partir de 01/04 começam as saídas diárias. E ao que parecem, poderão chegar a 3 trens por dia em ambos os sentidos se a demanda atender.
O país lá está em frangalhos, mas parece que alguma coisa eles acertam. E nós, parece que nos esquecemos de como é instalar e implementar uma linha ferroviária, principalmente se ela for de passageiros a longa distância.
Linha metropolitanas, nós fazemos ainda, mas a trancos e barrancos, demorando para burro.
Segundo Rafael Kalinovski, Coaraci Camardo e a Marilia, de Porto Alegre, lá no país dos Hermanos já rodam trens de Buenos Aires para:
- Mar del Plata
Além destas a linha Mitre para o Tigre também está com novos trens elétricos zero quilômetros.
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Meu artigo de ontem falou deste trem na Argentina, novíssimo, elétrico, linha Buenos-Aires a Cordoba. A partir de 01/04 começam as saídas diárias. E ao que parecem, poderão chegar a 3 trens por dia em ambos os sentidos se a demanda atender.
p.s: todos os trens foram estatizados. Em 1o de abril a
presidente Kirchner anunciou a ressuscitação da Ferrocarriles Argentinos.
O país lá está em frangalhos, mas parece que alguma coisa eles acertam. E nós, parece que nos esquecemos de como é instalar e implementar uma linha ferroviária, principalmente se ela for de passageiros a longa distância.
Linha metropolitanas, nós fazemos ainda, mas a trancos e barrancos, demorando para burro.
Segundo Rafael Kalinovski, Coaraci Camardo e a Marilia, de Porto Alegre, lá no país dos Hermanos já rodam trens de Buenos Aires para:
- Mar del Plata
- General Pico
- Pehuajó
- Bagrado
- Chascomus
- La Plata
- Córdoba
- Santa Rosa
- Realicó
Além destas a linha Mitre para o Tigre também está com novos trens elétricos zero quilômetros.
E nós aqui? Acorda, senhor Alkmin!
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terça-feira, 1 de maio de 2012
QUE VOLTEM OS BAGULHOS DE 1998!

Hoje, lendo sobre uma mensagem de Ricardo Brum no Facebook (abaixo) - a quem não conheço pessoalmente, mas é um assíduo frequentador do meu site sobre estações ferroviárias - sobre os trens de passageiros na Argentina,
Em visita a Argentina , como bom admirador das ferrovias procurei saber como é a situação por lá, em resumo , em Buenos Aires a ferrovia é estatal, muito criticada por todos, os trens de passageiros superlotados em mau estado, estações antigas e com aparencia ruim, trens de carga com pouco movimento ( ao menos em Buenos Aires ), o que parece em melhor estado e condições de uso são as linhas de pas...sageiro para cidades da grande Buenos Aires como San Pablo e San Isidro, utilizadas por moradores locais e turistas que viajam por conta própria ( as empresas de turismo desencorajam a utilização dos trens para turismo ), esta foto é em San Isidro, local muito bonito com estrutura de lojas e cafés tradicionais em predios de estilo ingles, a antiga estação hoje abriga um restaurante muito acolhedor, o trem é pequeno com tres vagões em média , mais parecendo um bonde, com passagens bem baratas, algo como R$ 0,60, passando a cada hora
e também depois de ver as reações à minha postagem de alguns dias atrás sobre a mística dos trens, onde uma amiga argentina comentou sobre os trens de lá, dizendo que os que passam pela cidadezinha onde nasceu (25 de Mayo, 260 km de Buenos Ayres) são ruinzinhos, mas ainda passam, cheguei a uma triste conclusão: preferia que os trens da Fepasa, aqueles mesmos, que rodaram até o final de 1998, ainda continuassem existindo.Não os da Ferroban, que foram a última pá de terra na cova do Covas e que rodaram na marra entre janeiro de 1999 e março de 2001. Esses eram realmente caixões de defuntos sobre trilhos. Perto deles, porém, os últimos trens da Fepasa eram uma maravilha!!!
Sim, queria ter o direito de ir para a estação da Luz e da Barra Funda, como podia fazer até o fim de 1998, e comprar um bilhete para ir até Araraquara, Panorama ou Presidente Epitácio! E mesmo para Araguari e Barretos, que acabaram pouco antes! Ou sair de Santos para Juquiá e de Sorocaba para Apiaí!
Queria ver notícias de jornal como aquela de março de 1998 que diziam que os ferroviários estavam em greve e que os trens de passageiros para o interior não estavam circulando. Afinal, greves sempre acabavam e os trens sempre voltariam depois disso!
Afinal, eu viajei de Sorocaba até Apiaí (ida e volta) em maio de 1998 e foi, apesar de tudo, uma delícia! Ainda havia a troca da loco elétrica para diesel em Itapetininga... a eletrificação funcionava!! Havia banheiros nos carros sim, havia poltronas decentes, o bilheteiro usava chapéu, o trem tinha um monte de gente, eu comia sanduíche feito no carro-restaurante (que era meio fubica, mas tinha!, tomava refrigerante sem gelo!
Ficava olhando a paisagem ali no espaço entre os dois carros (sim, era proibido, mas quem ligava?), os faróis da locomotiva fazendo a curva lá perto de Rechan e de Buri... e, burro eu, foi o único trem que tomei nessa época, pois achava que nunca ia acabar! Que ingenuidade a minha!

Concordo com o que um amigo meu falou um dia: "como pode um governo que se diz sério manter um sistema de trens de passageiros, que boa parte dos brasileiros sabem que um dia foi um excelente serviço (pelo menos em São Paulo), dessa forma que era na época do final da Fepasa? Se a ideia era acabar com eles, porque não o fez de uma vez em vez de deixá-lo decair como deixou? Tinham medo de que?" Por um lado, se tinham medo de acabar de vez com eles, é porque sabiam que era um erro. De outro lado, os passageiros praticamente não reckamavam, não reagiam à situação.
E hoje, nós, que gostamos de trens e que sabemos que se estes voltassem a circular teriam de ser modernos - como já cansei de escrever aqui neste blog. Cansei de ouvir lamentos de ex-passageiros que diziam "o trem devia voltar, era barato". Ele não seria tão barato se voltasse de forma decente hoje. Afinal, mesmo os trens que sobraram - não em São Paulo, infelizmente -, os da Vale (Vitória-Minas, Carajás) e os da E. F. Amapá, não são dos mais modernos e por isso mesmo não são caros. Mas vivem cheios. Não sei se dão lucro, mas certamente não são um ralo de dinheiro.
Mas hoje penso que, se era para ficar sem trens de passageiros aqui em São Paulo, seria melhor ter ficado com a Fepasa. Penso que se a Fepasa tivesse conseguindo subsistir até hoje com seus trens de passageiros, estes estariam sendo melhorados hoje. Talvez ainda não tivessem chegado a um ponto ideal, mas a decadência teria parado. Algo estaria sendo feito, pois não é possível não se notar a falta que eles fazem hoje. Sou otimista neste ponto (e talvez um idiota por pensar deste jeito também).

O fato é que eles deveriam ter continuado, apesar de isto ser meio contraditório com o que tenho escrito, e repito - se isto tivesse acontecido, eles estariam pouco melhores do que estavam. Gostaria de estar agora descendo em São Carlos, Barretos, Jaú, Marília, Ribeirão Preto, Itanhaém, Itapeva, Itirapina, Casa Branca, Juquiá, Brotas, Dracena. As estações não estariam jogadas às traças - algumas delas, pelo menos, pois já naquele tempo os trens paravam apenas em algumas. Em alguns casos, as estações já tinham sido demolidas, a plataforma era a "estação".
Lembro-me de ter visto em minha viagem de 1998 que a estação de Itapeva, apesar de estar já em mau estado (não como hoje, quase em ruínas), ainda estava aberta, com chefe de estação e tudo. Rechan era uma festa. Engenheiro Hermillo, fechada, mas conservada. Aguaí e Nova Itapeva, abertas. Sorocaba, pelo menos a bilheteria funcionava. Iperó funcionava.
Enfim, para bom entendedor... quero a porcaria de volta!!!!
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