Acervo Sud Mennucci/Ralph Mennucci Giesbrecht
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No mapa acima, feito para o Recenseamento Escolar de 1934, aparece a então Região de Itapetininga. Linhas pretas são ferrovias. Vermelhas grossas, rodovias (nenhuma pavimentada). Vermelhas finas, "caminhos". Pontos pretos dentro de círculos, sede de municípios. Pontos pretos isolados, sede de distritos.
Até onde sei, poucos municípios nessa região mudou de nome daquela época até hoje. São o caso de Faxina, que hoje é Itapeva, Capoeiras, que virou um distrito de Apiaí com o nome de Araçaíba, e Ribeirão Vermelho, que hoje é Riversul, depois de ter sido Ribeirão Vermelho do Sul.
A região era e ainda é uma das mais pobres do Estado. As cidades mais ricas são Itapetininga e Itapeva. A única linha férrea que ali existia em 1934 é o antigo ramal de Itararé, da Sorocabana. Era por ele que passavam os trens de passageiros para Ponta Grossa, Curitiba, Porto Alegre e Montevideo. O ramal hoje é cargueiro, mas a linha, vinda de Itapetininga (e antes de Iperó, fora do mapa, onde se separa da antiga linha-tronco da Sorocabana), teve seus trilhos arrancados em 2000 de Itapeva (Faxina) para a frente. Atualmente, os cargueiros para Ponta Grossa e para o Sul passam por uma linha construída em 1973, que liga Itapeva a Pinhalzinho, localizada cerca de 35 quilômetros ao sul de Itararé. Daí entra no Paraná. Também existe uma bifurcação não muito ao sul de Itapeva que leva um ramal para Apiaí, ramal este que também não existia na época do mapa acima.
Surgiram novos municípios na região, desmembrados, claro, de territórios de outros municípios, como por exemplo, Bom Sucesso do Itararé, Campina do Monte Alegre e Itaoca.
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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
AS RODOVIAS NO VALE DO RIBEIRA DE 1935
Assim eram as estradas de rodagem no Vale do Ribeira por volta de 1935. A imagem chegou a mim, já recortada dessa forma, nos arquivos de meu avô Sud Mennucci. Não há menção de que jornal seja, nem a data exata.
O mais curioso é que, do outro lado desta imagem, há outro mapa. Qual mapa interessava a meu avô? Os dois? Seria uma coincidência terem publicado um atrás do outro na mesma folha do jornal? O outro era de Ribeirão Preto e será mostrado em outra oportunidade.
Adoro mapas, especialmente antigos e especialmente bem feitos e desenhados, como este. Obviamente as estradas não eram retas como aí é mostrado. A região é montanhosa em boa parte. Notar que nessa época geralmente se mostravam também as estradas de ferro, quando havia. Neste caso, não mostram.
Existiam ferrovias a serem mostradas. Ao norte, a linha-tronco da Sorocabana, de São Paulo a Sorocaba, e o ramal de Itararé, também da EFS, de Santo Antonio (hoje Iperó e não mostrado no mapa) a Itapetininga, daí seguindo para longe de Capão Bonito. E ainda a Santos-Juquiá, que seguia praticamente paralela ao eixo (neste mapa) Santos a Juquiá, via Itanhaém, Peruíbe, Alecrim (Pedro de Toledo), Bigué e Juquiá.
Nenhuma das rodovias aí desenhadas era asfaltada. Algumas estavam sendo construídas e outras eram "necessárias", ou seja, julgava que seria importante fazê-las, mas não existiam.
O grande eixo dessa região, hoje, é a BR-116, a Regis Bittencourt, que não existia. A estrada que ligava São Paulo a Curitiba era a que é chamada de "estrada estadual" no mapa, linha vermelha em traço grosso. Essa estrada ainda existe e parte de seu trecho entre Capão Bonito e Apiaí foi asfaltada somente em 2006, acreditem ou não. Existia a alternativa, bem mais longa, que seguir, a partir de Capão Bonito, para oeste até Itapeva e Itararé, depois Ponta Grossa e finalmente Curitiba. A atual BR-116, com 400 quilômetros e aberta somente em 1961, era bem mais curta que as duas citadas.
No mapa, podemos verificar que o único trecho que já existia dela era a ligação entre Biguá, Juquiá e Registro. A descida da serra do Mar seria feita pela estrada Piedade-Juquiá, hoje uma alternativa para a Regis, mas não muito segura. E não estava pronta na época do mapa. Porém, depois de Registro, que hoje é ligada a Jacupiranga e depois sobe a serra na divisa com o Paraná, não havia estrada alguma. De Registro somente se podia chegar, no máximo, a Cananeia.
Tempos de estradas ruins e transporte lento. Como a ferrovia que ligava São Paulo a Curitiba era praticamente tão longa quanto a alternativa rodoviária acima citada, por Ponta Grossa, era comum ir da capital paulista à paranaense por navio, tomando-se o trem em Paranaguá para chegar a Curitiba. Meu avô fez esta viagem pelo menos duas vezes; além disto, teve a coragem de fazer a viagem de automóvel, em 1935, pelo percurso que na época era o mais curto, ou seja, via Apiaí. Viagem esta que foi devidamente reportada por ele na época.
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domingo, 29 de janeiro de 2012
ASCENÇÃO E QUEDA DE UMA PEQUENA ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

A estação de Aracaçu - ou Aracassu, como era originalmente - foi construída pela E. F. Sorocabana em 1908 na região de Buri, no sul do Estado de São Paulo. Pertencia ao ramal de Itararé, uma das mais importantes linhas férreas do Brasil, inaugurado em 1909 e que serve de ligação de São Paulo, Rio e resto do Brasil com os estados do sul brasileiro.
Naquela época, a ligação era feita por Itararé, entrando no Paraná por Jaguariaíva e descendo até Ponta Grossa e, dali, para Curitiiba ou Porto Alegre. Hoje em dia, Itararé está fora da linha, o ramal foi desviado para a região de Apiaí, por onde segue dali para Ponta Grossa. Aracaçu, no entanto, continua até hoje junto à linha.

Não tem servido para nada desde que a estação foi fechada, provavelmente já nos anos 1970. Os trens de passageiros do ramal cessaram de circular no início de 1977, embora haja ainda citações a eles no início de 1978 em guias ferroviários. No final de 1997, foi criado pela já moribunda FEPASA um trem de passageiros ligando Sorocaba à cidade de Apiaí. O trem durou mal e porcamente até março de 2001.
Eu cheguei a tomar esse trem, em maio de 1998. Paisagens deslumbrantes, trajeto fantástico. Ele parou em Aracaçu a meu pedido... para fotografar (acreditam? Bastou ficar amigo do chefe durante a viagem...). A estação não era parada e estava já fechada havia anos, pois praticamente nunca tinha alguém ali para embarcar ou desembarcar. Realmente, é um local bem isolado.

E esse é um dos motivos pelo qual a estação sofre com intempéries e vandalismo. Fechada, não teve mais conservação. E ela era de madeira, de todas as estaçoes iniciais, foi a única que jamais foi reconstruída em alvenaria. Foi um dos palcos da revolução de 1932, onde tropas paulistas constantemente acampavam. Ali perto, na estação de Vitorino Carmilo, doze quilômetros ao sul, ocorreu o que se chamou (será verdade?) a "maior batalha da América do Sul" durante essa revolução.

Deveria ter sido tombada, tanto Aracaçu, como Vitorino Carmilo, pelos seus valores históricos. Afastada de tudo, porém, como ter alguém para dela cuidar? Quem se interessaria em ir lá, sem ninguém para mostrar o local? Nenhuma das estações foi tombada. A de Vitorino já desapareceu há muitos anos. A de Aracaçu entrou agora em fase terminal. Com as madeiras podres, a foto de alguns dias atrás, enviada por André Luiz de Lima, mostra-a já semi-destruída. Não vai durar muito mais.
Pena. Mais uma parte do passado de São Paul e de sua ferrovia que se vai.
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