sábado, 11 de julho de 2009

O METROFOR NÃO ANDA MESMO

A notícia de que as obras do Metrofor (metrô de Fortaleza) foram paralisadas e que a empreiteira responsável mandou cerca de 40% dos funcionários embora é realmente algo que não deveria surpreender quem acompanha obras ferroviárias no Brasil já há pelo menos 13 anos. A foto acima foi tomada no início de julho de 2009 por Antonio Gorni.

A linha, que basicamente segue o trajeto original da E. F. Baturité em Fortaleza (com exceção do trecho entre a estação Professor João Filipe e Parangaba, onde ela seguirá um trecho que até os anos 1910 era a linha da Baturité e nessa década foi desviada para oeste, construindo-se uma avenida – nesse trecho o metrô deverá ser subterrâneo), já está prevista há muito tempo e as obras vinham sido postergadas.

Afinal, a chamada Linha Sul da antiga Rede de Viação Cearense – sucedânea da Baturité – bem ou mal atendia os passageiros da cidade com trens diesel. Os trens diesel também atendem a chamada Linha Norte, que era a linha que ligava (ainda liga, para cargueiros) o centro de Fortaleza a Sobral e daí parte para o Piauí e Maranhão.

Finalmente, este ano, o Governo do Estado conseguiu junto ao Governo Federal a verba e a promessa de que o metrô, na linha Sul, estaria pronto até o final de 2010. A partir disso, reiniciaram-se as obras em dezembro (no duro mesmo, as obras começaram em 2001, sendo interrompidas sistematicamente, não se avançando quase nada). Interrompeu-se no inicio do mês o tráfego dos subúrbios no trecho da linha Sul entre a estação central de Fortaleza (Professor João Felipe) e Parangaba e demoliram-se as duas estações que existiam nele. Os trens não mais correm ali, sendo os passageiros que se utilizam da linha obrigados a tomar ônibus entre as duas estações citadas.

Agora, as obras foram suspensas no final de junho e, pelo visto, a construção não será retomada tão cedo, pelas atitudes da empreiteira. Eu realmente não sei quem tem razão – se a empreiteira, que deixou de receber 71% do dinheiro por ordem do Tribunal de Contas da União, ou seja lá o quê –, mas o fato é que agora os cearenses não têm mais o trem nem o metrô, e têm apenas um trem que corre um trecho entre Parangaba e o final da linha de subúrbios (Ilha das Flores).

Desorganização? Irresponsabilidade? Briga política? Sem-vergonhice? Intolerância? O fato é que quem precisa de transporte não quer saber o que está havendo. Quer é o trem de volta. Quem deve estar esfregando as mãos são as empresas de ônibus. Fatos como esse se repetem cada vez mais no Brasil e, com decisões sempre lentas da Justiça, o que dava prejuízo passa a dar mais ainda, com obras paradas etc. Vergonha na cara ninguém quer ter.

Os trabalhos nos canteiros de obras do metrô de Fortaleza permaneceram suspensos, por todo o dia nove de julho, apesar da liminar determinando a retomada dos trabalhos, concedida na última quarta-feira pelo juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública, Carlos Augusto Gomes Correia, que está respondendo pela 3ª Vara da Fazenda Pública. Além do retorno das obras, o documento também estabeleceu uma multa de R$ 100 mil por cada dia de descumprimento da medida por parte do consórcio responsável pela execução do projeto. Ou seja, o consórcio também está pouco se lixando. Alega que já estava recebendo menos do que o combinado desde o início das obras.

Caso o consórcio se recuse a retomar a obra, o contrato com o governo do Estado será rescindido e uma nova licitação deverá ser realizada. Imaginem o tamanho do prejuízo causado por decisões que não levam em conta o valor total da conta – sem trocadilho.

2 comentários:

  1. EU ACHO QUE AGORA O METROFOR PODE IR PRA FRENTE ESTANDO INCLUIDO NAS OBRAS DO PAC.

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  2. Jorge, espero que sim. O artigo foi escrito há dois meses quando estava tudo parado. Uma cidade como Fortaleza precisa de transporte decente. - Ralph

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