quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

LINHA CIRCULAR DE SÃO PAULO (1887)


Mapa - 1884
O mapa das ferrovias acima foi publicado em 1884. Mostra rios e ferrovias existentes da então Provincia..

Foi adicionada por mim a linha preta grossa, que mostra o projeto para uma "ferrovia circular" para a Provincia.

"Tem causado excellente impressão a noticia de um previlegio pedido ao ministerio da agricultura para uma linha circular da Provincia".

A linha deveria sair de Porto Feliz (que ainda não tinha ferrovia, só a teria em 1922) e cortaria "todas as estradas de ferro da Provincia, cuja audiencia os peticionarios reclamam, mas não correrá parallela a nenhuma dellas".

O pedido era feito para um prazo de concessão de 90 anos  Os papeis já haviam seguido para São Paulo, encerraa a noticia.

Quem te-la-ia pedido? É, no entanto, fácil saber que não a teria pedido: a São Paulo Railway, que seria a mais prejudicada com ela. Já à Paulista parece-la-ia indiferente, já que seus trens vindos do interior chegavam a Jundiaí, São Paulo e Santos para se utilizar da SPR sem grandes problemas e sem baldeações, já que ambas as linhas tinham bitola larga (1,67 m).

De qualquer forma, parece que não se falaria em tal linha.


sábado, 25 de janeiro de 2020

UMA ESTAÇÃO PARA SANTO ANTONIO DA CACHOEIRA


A ex-estação da Bragantina em 1999. Foto deste blogueiro.

A cidade de Santo Antonio da Cachoeira - ou, pelo menos, seus políticos - estavam de olho na modernidade quando, em 1887, Alberto Kuhlman, o mesmo empreendedor que projetou o Tramway que já ligava a cidade de São Paulo à vila de Santo Amaro (naquele tempo, esta última era um município e não um bairro paulistano, como o é hoje.

Santo Antonio da Cachoeira em 1906 passou a se chamar Piracaia.

Já havia um ano que ele estava operando este tramway. E foram procurá-lo para que construísse um para ligar as cidades de Atibaia, que já tinha uma linha férrea ligando-a a São Paulo e a Bragança (hoje, Bragança Paulista). Ou teria sido alguém da própria cidade oferecido-o a Kuhlman?

Alberto visitou a cidade em 16 de outubro de 1887, 18 dias depois da primeira manifestação de apoio recebida da cidade.

O tramway sairia da cidade de Atibaia, onde seria construída uma estação na travessa 7 de Setembro. Creio ser esta a atual rua 7 de Setembro.

Teria sido este o mesmo local onde seria construída a estação da cidade em 1914, pela E. F. Bragantina, na linha que ligaria a cidade de Atibaia à de Campo Limpo (hoje, Campo Limpo Paulista) e, daqui, a São Paulo pela São Paulo Railway?

Também se projetava uma estação próxima à capela de Bom Jesus dos Perdões, onde se esperava receber cargas da cidade de Nazaré, de quem então Santo Antonio era um próspero bairro.

Bom, como diversas ferrovias pela história do Brasil, a ferrovia Atibaia-Santo Antonio da Cachoeira foi sendo esquecida. Não foi construída a estação, como se projetava em 1887, mas sim como a E. F. Bragantina construiu, 26 anos mais tarde, em 1914.

Piracaia, no fim, teve sua ferrovia até 1967, quando toda a Bragantina foi desativada. Somente sobrou por lá o prédio da estação central ainda hoje situada na chegada à cidade e outra de um bairro rual de nome Arpuí.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

FAMILIA VENDE TUDO... EM 1898


Fotografia: Douglas Nascimento, site São Paulo Antiga
Este é o primeiro texto deste blog desde o último, postado há quase dois anos atrás, no início de 2018.

Os motivos desta parada tão longa foram vários, mas, talvez o principal deles tenha sido o fato de bater quase sempre na mesma tecla: abandono e descaso do governo (seja ele o atual ou os anteriores) para com o patrimônio brasileiro.

E olhe que nem dizendo que somente dos antigos sofrem deste "mal": as construções mais recentes, como residências, predios, pontes, viadutos et cetera também têm manutenção quase nula comparado com o recomendado.

Apesar disto, este texto fala sobre... patrimônio paulista e seu abandono.

Durante estes dois anos, aqui em São Paulo, pelo menos um viaduto, construído nos anos 1970 e utilizado constantemente com enorme tráfego pesado, caiu - caiu, não: um de seus pedações caiu e com isto matou pelo menos uma pessoa. Estou falando do viaduto da avenida Marginal do Pinheiros situado lá no bairro do Jaguaré, que ficou interditado por cerca de sete meses, entre o final de 2018 e meados de 2019.

Mas isso não quer dizer que o patrimônio histórico tenha sido preservado durante este tempo: em 2019, a mansão do Barão do Rio Pardo, situada na esquina da rua Barão de Piracicaba com a alameda Ribeiro de Lima, caiu. O prédio já estava em ruínas havia décadas. Foi construído em 1880, o que o levava uma ser das residências mais antigas do município, erigida ainda no tempo em que os Campos Elísios eram um bairro novo, com poucas casas, que surgiriam ao longo da ferrovia Sorocabana,  aberta na região em 1875. Isto era uma grande vantagem para seus moradores, que constantemente viajavam para o interior com os novos trens das ferrovias paulistas.

A própria ferrovia que trouxe o progresso para o bairro, trouxe também sua decadência, anos depois, quando estradas de ferro passaram a ser também, elas mesmas, culpadas por tal fato.


A Provincia de S. Paulo - 6/12/1898

O próprio Barão do Rio Pardo não morou muito tempo ali. Em dezembro de 1898, ele se mudaria para outra cidade e deixaria sua casa, ponto tudo o que nela havia a leilão, realizado na própria mansão, que tinha como endereço a alameda Ribeiro de Lima, 26 - numeração da época.

É uma pena que a lista de itens detalhada não renha sido publicada no mesmo jornal, mas sim no Diario Popular.

A casa passou por diversos donos durante sua história. Foi tombada pelo CONDEPHAAT e, mesmo assim, posta abaixo.