Mostrando postagens com marcador usina Amália. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador usina Amália. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A HISTÓRIA TRATADA COMO BEM DESCARTÁVEL

Estação do Barracão, ex-Mogiana: aqui deveria estar o museu ferroviário de Ribeirão Preto. Devia.

As notícias chegam de Ribeirão Preto: a Prefeitura vai restaurar a locomotiva que um dia rodou nas linhas da Usina Amália, em Santa Rosa de Viterbo. Sabe como é, véspera de eleição, os prefeitos tentam fazer algo para impressionar a população e ganhar votos para sua reeleição ou para seu "kronprinz".

Essa locomotiva está mais ou menos onde um dia foi a estação ferroviária de Ribeirão Preto, na Vila Tibério e criminosamente demolida no início do ano de 1968.

Porém, a história é bem outra. Um dos historiadores ferroviários da cidade, talvez o melhor, deu hoje seu alerta:

"Devagar com o andor que o santo é de barro. Não vão restaurar nada, apenas estão fazendo o que deveria ser rotina, ou seja, limpeza e manutenção da pintura. O ideal é retirar a locomotiva da praça e colocar em um museu ferroviário, onde até pode funcionar em demonstrações ou um pequeno trecho de interesse histórico. O problema é que a prefeitura está emperrando há 4 anos a criação do museu e não está disposta a tirar a locomotiva dali.

Quem conhece o lugar, sabe que a locomotiva se tornou abrigo de drogados, que a transformaram em um pardieiro. O mais absurdo é que ela está bem na portaria do Pronto-Socorro Central e entre os poucos metros que separam a porta do Pronto-Socorro e a locomotiva, fica estacionada uma viatura e pelo menos dois guardas municipais. Como a única função da Guarda Municipal é fazer a vigilância de bens públicos, nada mais natural que tomassem conta da locomotiva (que é um bem público municipal), porém isso não é feito com a desculpa de que não há efetivo.

Ou seja, os dois ficam o dia todo plantados na frente da locomotiva mas não tomam conta porque a ordem é para olharem o pronto-socorro, e enquanto isso a locomotiva é usada como banheiro e boca-de-fumo, chegando ao estado lastimável em que chegou.

Essa limpeza não vai resolver nada, porque irá continuar na praça e a Guarda Municipal continuará fingindo que não sabe que tem o dever de zelar por ela, mas é melhor do que deixar do jeito que está. Eu orientei a aplicar um redutor de ferrugem antes do fundo, e isso será feito. Pelo menos assim, a ferrugem pára e se um dia algum iluminado da prefeitura resolver liberar o restauro não estará tão ruim.

Sobre os dados da reportagem, existem dois erros gritantes. Primeiro que a locomotiva não é "Phantom" (esse fabricante nem existe) e sim Borsig, e ela não foi doada ao município em 1912, e sim em 1972. 1912 é o ano de fabricação. Ela foi feita para a E. F. Araraquara, de depois do alargamento da bitola foi vendida para a Usina Amália e por fim, depois da desativação da linha da usina, foi finalmente doada ao Município."

O resumo feito por ele, acima transcrito ipsis-literis, mostra como realmente se tratam as preciosidades históricas neste país. Claro, há exceções: Ribeirão Preto, no entanto, trata sua história como a média brasileira: com oportunismo, informações erradas e usando palavras errôneas, como "restaurar" significando "dar um tapa". Isso, se der.