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terça-feira, 16 de junho de 2015

DE PISTOIA A LUCCA POR TREM

Trem com dois andares antes da minha partida para Lucca. Estação de Pistoia, 15/6/2015
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Continuando minha visita à Toscana, tomei ontem o trem de Pistoia para Lucca.
Estação de Montecatini
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Minhas impressões: no duro, no duro, o trem é meio tipo metropolitano, pela distância. São cerca de 70 minutos entre as duas cidades. O trem, que vem de Florença, segue depois para Piza e Viareggio. Os trens têm portas centrais, como na nossa CPTM, mas poltronas de trens de passageiros de longa distância, e dois andares... claro, fui no andar de cima.
Estação de Montecatini-centro (a 2 minutos de trem da anterior)
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Ele para, pelo menos no trecho citado, em Pistoia, onde o tomei, depois Montecattini, Montecattini-centro, Pescia e Lucca. Mas há outras estações entre elas em que ele para somente quando faz o roteiro "parador": que eu conseguisse enxergar, são estas as estações: Serravalle Pistoiese, Borgo a Buggiano, Alto Pascio, Montecarlo, Porcari e Tassignano-Capanori.
Estação de Pescia (sob chuva). O trem parou fora da plataforma 1 e sim na 2 (Central). E mais à frente do prédio
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Todos estes locais têm suas estações funcionando. Não sei, mas parece que o trem parador não usa sempre os mesmos TUEs e às vezes aparece com alguns bem ruinzinhos (segundo o padrão local).
Estação de Alto Pascio, também com chuva
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Nota-se que os armazéns nos pátios das estações, quando existem, estão abandonados e muitas vezes em ruínas, incluindo os de Pistoia e de Lucca. Este está sendo reformado para se tornar rodoviária (mas somente a placa dizendo isto está lá). Lembra algum outro país que vocês conheçam?
Armazém de Lucca, ao fundo. Em ruínas
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Para viajar, compra-se o bilhete na bilheteria interna das estações e, depois de comprá-lo, há de se carimbá-lo em uma máquina específica para isto que fica na entrada da plataforma. Ninguém checa isso, mas se você embarcar sem ele e lhe pegarem com o bilhete carimbado, você paga uma multa, maior que o valor do bilhete (ida-volta Pistoia-Lucca, € 8,50 o par). Sim, eu comprei o bilhete e carimbei-os.
Trem vindo de Viareggio cruzando em Lucca, sentido Firenze
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Se estiver sem bihete algum, vai para fora na estação seguinte, seja ela qual for.
Ao sair da estação em Lucca, o primeiro prédio que se vê, ao lado da praça antes da muralha da cidade
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E você tem direito a um túnel bem compridinho pouco depois da saída de Pistoia. Isto, fora as magníficas pontes de pedra em arco que o trem passa debaixo.
Fachada da estação de Lucca (parte central)
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Trens cargueiros na linha? Bem, vi um apenas, que estava vindo de Piza, na estação de Lucca, que chegou e parou no desvio dois. Aliás, Lucca tem seis desvios e Pistoia, cinco (acho que é isso). Isto para passageiros. Há outros desvios, alguns já desativados e cobertos de mato. De todas essas estações por mim citadas e que por ontem o trem passou, a maior é a Lucca, tanto em prédio quanto em pátio.
Patio da estação de Lucca, sentido Pistoia
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E hoje li que há 1.700 estações ferroviárias desativadas na Itália que a Trenitalia está doando. Sim, você a recebe de graça, mas terá de cuidar da sua manutenção por todo o tempo de comodato. Alguém se interessa?
Finalmente: também se picham trens na Italia. Patio de Lucca. Mandem o Fernando Haddad para lá, ele vai gostar
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Lembre-se que aqui no Brasil ninguém dá nada, preferem que elas apodreçam e caiam a doá-las (e mesmo a vender) para alguém que delas queira cuidar).

sexta-feira, 12 de junho de 2015

PISTOIA - ESTRADAS DE FERRO


Enquanto nós, brasileiros que vivem de esperança (se é que essa frase ainda é válida), ficamos choramingando porque as ferrovias estão desaparecendo na mão de aproveitadores e de governos corruptos que não fiscalizam porcaria alguma, na Itália as ferrovias funcionam.
Bilheteria da estação de Pistoia
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A estação de Pistoia, por exemplo, funciona como estação e não como centro cultural, nem está abandonada, nem foi demolida, nem está em ruínas: ela é uma estação de trem, e isto já há cento e setenta anos aproximadamente.
Fachada da estação de Pistoia
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No horário que fotografei hoje, há trens para Lucca, Florença, Porretta, Viareggio, Montevarchi e mais outros, que não aparecem no horário que aqui anexei. Com baldeações, dá para sair de Pistoia para a Europa praticmente inteira.
E em frente a estação, um prédio enorme e novo está sendo terminado. Deterioração na região ZERO
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É isso aí. E nós aqui fotografando estações abandonadas e trilhos no meio do mato.

Este país (ou aquele aí na América do Sul, já que estou na Itália no momento) é uma vergonha.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

PISTOIA

Uma rua de Pistoia, hoje - foto Ana Maria Giesbrecht
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Apesar do fato de ter estudado com muito interesse a história da Europa por muitos anos de minha vida, eu somente estive no Velho Continente três vezes em minha vida, cada uma por cerca de apenas quinze dias. Aliás, a terceira vez é esta, e estou no terceiro dia apenas.

Estou em Pistoia, na Toscana, Itália. Vim com minha esposa (que chegou aqui três semanas antes) para conhecer meu segundo neto, Massimo Pietro, o primeiro filho de minha querida filha Verônica, que aqui vive há quase três anos.

Começo a conhecer a cidade de 120 mil habitantes. Pelas minhas primeiras impressões, é uma cidade antiga — e nem tão antiga, se considerarmos que aqui é a Europa e não o Brasil, uma cidade na qual prédios de apartamentos de seis andares (incluindo o térreo) são raros e com mais andares são moscas brancas (vi um hoje, bem ao longe, quando andava de ônibus, que parecia ter uns oito).

Estive hoje no centro histórico, a Piazza Duomo, local muito simpático, assim com as ruas em volta.
O que mais existe aqui são prédios amarelos, alguns mais claros, outros mais escuros em termos de tonalidade. Difícil estimar a idade deles, pois há muitas reformas e eu estou muito longe de conhecer a arquitetura italiana para saber, com sei em São Paulo, em que década tal prédio foi construído - e aqui se fala não realmente de décadas, mas de séculos.

Fiquei imaginando o Jason Bourne ou o James Bond (é coincidência os dois terem nomes com as iniciais JB?) correndo e perseguindo bandidos sobre os telhados das construções de Pistoia (muitos dirão que elas nada têm a ver com as construções em que eles fizeram isso em alguns filmes, mas não interessa - eu pensei nisso e acabou-se). E também em soldados da Wehrmacht se espremendo pelas estreitas ruas da cidade intramuros atirando ou recebendo tiros dos exércitos americano, inglês e brasileiro (houve batalhas em Pistoia? Eu não fui verificar).

Vi a rua Cavour, de comércio chic no centro histórico e pensei na rua Barão de Itapetininga por causa da harmonia em suas construções, embora provavelmente mais por causa dos postes de iluminação colocados no centro da rua - embora (outra vez!) os postes de uma rua e de outra sejam completamente diferentes. Este escritor é uma piada, mesmo.

Há bicas por toda a cidade velha, algumas esbranquiçadas por causa do acúmulo de calcário causado pela água dura que existe aqui. E embora sejam históricas e a cidade tenha água encanada, as bicas ainda funcionam para quem quer usar.

As construções geralmente têm mais de um andar (dois a três), são caixotes, mas caixotes antigos, quase sempre amarelas, como já disse, com portas duplas de madeira maciça, algumas realmente antigas e outras imitando as antigas, e as janelas em geral são sempre novas e retangulares, com persianas sempre verdes; em alguns prédios pode-se ver arcos e até colunas descascadas de baixo da massa que as cobriu em alguma época - mostrando que as janelas eram originalmente em arco.

As ruas dentro do muro antigo - que ainda sobrevive em quase toda a volta, com pequenos pedaços derrubados - são tortuosas e estreitas. Algumas muito estreitas.

O grande legado, no entanto, é que a cidade não tem uma muralha de edifícios altíssimos, de 20, 30 e 40 andares ou mais, que hoje proliferam em diversas cidades do Brasil, especialmente as maiores e especialmente em São Paulo. É um alívio que consigamos ver o céu bem perto de nós, mesmo nos corredores de ruas entre construções de 3 a 4 andares.

E não pude de deixar de me lembrar de uma reportagem que vi num jornal de TV, em São Paulo, há cerca de um mês e que mostrava o quão idiotas o povo brasileiro e alguns jornalistas estão se tornando. Nela, moradores de uma rua (se não me engano, na zona norte da cidade de São Paulo, mas a região nem interessa tanto), reclamando de que a calçada de tal rua era estreita, que não dava para as pessoas passarem por que havia postes, que a calçada era estreita até para o cadeirante que morava numa das casas, que el somente pode passar no meio da rua pois pela calçada não dá, etc.. Reclamam, reclamam, reclamam.

Citavam os repórteres que a legislação da cidade prevê que há um tamanho mínimo para as calçadas e que lá não foi seguido, que isto é um absurdo, culpa da prefeitura, blá blá e blá blá, sem notarem que nos bairros em que isso acontece, ou as ruas foram loteadas antes de tal legislação, ou surgiram de loteamentos clandestinos onde os moradores construíam de forma a colocar as frentes e os muros próximos a uma rua então sem pavimento e sem calçadas, que foram colocadas depois...

E que agora as únicas soluções são absurdas: ou se aumentam as calçadas diminuindo o leito carroçável da rua a uma largura de forma a que carros não passem, prejudicando quem os guarda em garagens, ou então que botem abaixo as casas e jardins - muitas casas estão à beira da calçada - para se fazerem as calçadas da forma certa.

Ninguém vai fazer isto, claro. Mas as reclamações somente cessarão se um dia a Prefeitura mandar tratores e escavadeiras para lá para fazer valer a lei — o que não fará.

O que tem isso a ver com Pistoia? Tem, que, nesta cidade, a grande maioria das ruas tem calçadas estreitíssimas, algumas vezes nem as tem pois são estreitas demais e ninguém reclama - afinal, a situação ;e assim há centenas de anos. A área nova da cidade, extra-muros, tem calçadas e ruas mais largas. O que passou, passou. Quem mora no centro da cidade velha e não tem o espaço, que se mude ou não reclame.

O Brasil, depois de mais de quinhentos anos, ainda tem muito a aprender com cidades como Pistoia ou com a velha Europa em si.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

VERONICA

Veronica, de branco, ao centro: o retrato da felicidade

Estive praticamente ausente deste blog durante os últimos vinte dias. Deve ter, claro, dado para os leitores perceberem. Se não perceberam, é por que este blogueiro é fraco demais.

O motivo da quase parada total foi o casamento de minha filha. A mais nova de meus três filhos e a única mulher. Quatro anos mais nova que meu segundo filho e cinco anos que meu primogênito, a jovem Verônica, com sua voz eterna de criança e seus olhos lindos e tristes conseguiu encontrar seu príncipe encantado.

O rapaz, seis anos mais velho que ela, mora no Rio de Janeiro há seis anos e é italiano. Nasceu e viveu a vida inteira em Pistoia, na Toscana, a vinte quilômetros de Lucca e quarenta de Florença, a bela Firenze.

Enquanto isso, Veronica viveu a vida toda em Santana de Parnaíba, tendo nascido na Pro-Matre de São Paulo. Estudou na Capital e se formou em administração há nove anos. Seu pai - eu - sou paulistano, enquanto sua mãe, Ana Maria, é carioca de Niterói - nasceu na cidade do Rio mas foi registrada do outro lado da baía. Mais para trás, os avôs paternos eram, ele, de Ponta Grossa, PR, neto de alemães, enquanto ela, minha mãe, paulistana. Meu avô, bisavô de Veronica, era de Piracicaba. Seus pais, de Lucca, Toscana. Casaram-se em Pistoia, nos anos 1880. Veronica fecha um ciclo.

Veronica merecia uma festa no seu casamento. Ela foi feita em nossa casa, em Santana de Parnaíba. Ana Maria e sua irmã Daisy transformaram a casa em um salão de festas. Foi um trabalho magnífico, em que as duas irmãs mostraram que são mulheres fantásticas que sabem o que querem e que conseguem chegar a um objetivo: fazer Veronica gostar demais de uma festa da qual se lembrará pelo resto de sua vida.

Muitos amigos e amigas do casal e as famílias. Dele, pai, mãe e uma tia, que vieram de Pistoia e que para isso saíram da Italia pela primeira vez em suas vidas. Saíram de uma cidade de nem cem mil habitantes para uma chamada Grande São Paulo com dezenove milhões. É verdade que Parnaíba tem pouco mais de cem mil, mas quem nota que a cidade, praticamente incorporada hoje à Capital, existe?

Que minha filha seja a mulher mais feliz do mundo. Para mim, será sempre a minha menininha. Para sua mãe também. Veronica viverá na Toscana. Dizem que é a região mais bonita da Italia. Minha filha merece. Serão doze mil quilômetros de distância de seus pais, mas que não a separará de nós.