sábado, 20 de agosto de 2016

A VILA DE SANTANA E A ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

Aqui (visto da avenida Cruzeiro do Sul) ficava a estação de Santana da Cantareira, exatamente onde está esse canteiro central e o carro que aguarda o sinal.
O atual bairro de Santana, descendente direto da vila afastada do centro de São Paulo no século XIX, é um imenso bairro cheio de edifícios e com o comércio centralizado na rua Voluntários da Pátria, algumas travessas e ao redor da estação do metrô do mesmo nome, aberta em 1975.
Sobre o canteiro da foto mais acima, era aqui a estação - também vista da Cruzeiro do Sul. Ao funso, rua Alfredo Pujol seguindo em frente


A primeira estação ferroviária, no entanto, foi aberta em 1895 e era a do Tramway da Cantareira, Ficava em situação perpendicular à atual estação, esta aberta no seu sentido transversal ao longo da atual avenida Cruzeiro do Sul. Ela foi fechada em 1964 e demolida. Era pequenina, comparada com a do metrô e tinha sua lateral localizada ao lado da rua Voluntários da Pátria, sua plataforma estava perpendicular a esta rua e em frente a onde começava (e ainda começa) a rua Alfredo Pujol, por onde os trilhos prosseguiam no sentido do Tremembé; um fato raro em São Paulo, onde trilhos (a não ser os de bondes) nunca passavam no leito de ruas.
Mapa do centro de Santana em 1930 - a escola, em forma de U deitado e a Igreja são facilemte reconhecíveis, bem como a linha e a posição da estação do Tramway.
Quando a estação foi demolida, em meados dos anos 1960, uma rua foi traçada no local onde era o pátio ferroviário e essa rua tem hoje um nome bastante estranho (e idiota: veja lá se isto pode ser nome de rua): rua do Racionalismo Cristão. Pois é, que as atuais gerações saibam que ali, um dia, estava a estação onde paravam os trens da velha Cantareira, saídos de uma curva de 90 graus do leito da avenida Cruzeiro do Sul.
Vista da esquina da Voluntários com a Alfredo Pujol, a estação da Cantareira ficava aí. O prédio da esquerda segue o alinhamento do antigo pátio ferroviário e quase que certamente foi construído após 1930 - provavelmente nos anos 1950.
Como não podia deixar de ser, ali ficava o centro do bairro com suas características principais: casario, igreja, escola e estação ferroviária.
Mais uma foto da posição da antiga estação.
As fotos abaixo mostram parte da escola, parte da igreja e parte do casario próximo à estação. A estação do metrô não foi fotografada, pois é um mostrengo de concreto, um polvo que se alastra por cima e por baixo da terra por todos os lados tendo como eixo o canteiro central da avenida Cruzeiro do Sul.

O casario fotografado na rua Voluntários da Pátria mostra construções no lado par da rua, logo antes de esta cruzar os trilhos da Cantareira na subida para o Alto de Santana, casas que poderiam já estar ali em 1930, ano do mapa que mostra a linha da Cantareira. A avenida Cruzeiro do Sul não era nem avenida nem tinha nome ainda, pois era praticamente um leito exclusivo dos trilhos. A escola e a igreja já estavam ali. As casas geminadas da rua Duarte de Azevedo quase que certamente já existiam ali. O estilo bonito desta construção foi popular na São Paulo do anos 1920 e 1930.

Casas na rua Voluntários da Pátria que possivelmente já estava ali, todas entre a rua Radicalismo Cristão (canto esquerdo) e a  rua Duarte de Azevedo (onde o casarão da direita, este certamente anterior a 1930, faz esquina)


Casas geminadas (foto parcial) na rua Duarte de Azevedo; à esquerda delas, a esquina com a Cruzeiro do Sul)


Vista parcial da escola


Vista parcial da igreja em foto tirada da avenida Cruzeiro do Sul

5 comentários:

  1. Ralph, nesse mapa da Sara a avenida Cruzeiro do Sul aparece como "avenida da Cantareira". Uma única vez eu vi o trem da Cantareira passando pela avenida Cruzeiro do Sul. Acho que foi em 1962, eu estava voltando de Minas num ônibus (a Fernão Dias ainda não chegava na Dutra). O canteiro central, onde havia os trilhos do trem, era bem largo. Nesse dia havia uma feira livre e o trem passava pelo meio da feira puxado por uma locomotiva a vapor.

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  2. No dia 02.07.1950, a Folha da Manhã publicou no caderno de Atualidades, página 4, um anúncio do Jardim Vila Galvão, onde um dos 10 motivos listados para a compra de um terreno lá eram "36 confortáveis trens Ouro Verde, bitola larga (?), da E.F.Sorocabana, por apenas 80 centavos": http://acervo.folha.uol.com.br/fdm/1950/07/02/1/:

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  3. Boa tarde,

    Venho por meio deste primeiramente elogiar o vosso trabalho no Blog Estações Ferroviárias, o qual me auxilia muitíssimo no meu projeto de redesenhar as Estações do Tramway da Cantareira e Georreferênciar o Traçado dos Ramais Guarulhos e Cantareira.

    Este meu trabalho é para Conclusão do Curso de Tecnologia em Transporte Terrestre na FATEC - TATUAPÉ e tem por finalidade resgatar a memória e de certa forma preservar um pouco da arquitetura empregada por Eng. José Carlos Torres Tibagy.

    Adquiri o livro do amigo Silvio Ribeiro "Destino Guarulhos: A Histórica completa do Tramway da Cantareira"; estive visitando o Acervo do Arquivo Histórico de São Paulo e a Biblioteca do mesmo. A busca tem sido árdua e obtive resultados somente em teu blog.

    Se não for muito incomodo, necessito de informações de onde conseguir tais desenhos das Estações, pois estou redesenhando-as em AutoCad 2014 para o meu TCC.

    Desde já agradeço,

    Att: Kamila Venâncio de Oliveira
    kamilavenancio2008@gmail.com

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  4. Prezado Ralph, parabéns pela matéria. Apenas uma observação: a rua que você chama de Voluntários da Prata, trata-se, na verdade, de R. Voluntários da Pátria. Abraços!

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