domingo, 15 de maio de 2016

A CULTURA NO BRASIL E A SITUAÇÃO DE HOJE

Prédio da estação de Itararé, SP, fechado nos anos 1990: a simples existência e manutenção desta construção de 1912 já é uma manifestação de cultura (Autor desconhecido).

O novo presidente Michel Temer assumiu. Que Deus lhe dê boa sorte e "que a Força esteja com ele". Ao contrário de muita gente neste país, eu sempre "torço" para que ele e sua equipe se dêem bem, independentemente de eu gostar dele ou não. Pena que este não seja o raciocínio de alguns (que não são poucos).

Evidentemente, há os que torcem para que ele se "ferre" - sem contar que o resto do país vai junto, porque à beira do abismo já estamos. No mínimo. Espero que já não estejamos caindo no precipício esperando por um galho salvador.

De qualquer forma, começaram já as encheções de saco. Há muita gente reclamando que ele não tem mulheres no ministério. Por mim, ele pode ter o que quiser, brancos, negros, amarelos, índios, mulheres, homens, gays, lésbicas, gente bonita, gente feia, gatos, cachorros, até marcianos - o que se precisa é que quem lá estiver trabalhe sério e comece a tirar o país do buraco.

Reclamam também que o Ministério da Cultura deixou de existir. Grande coisa. A cultura sempre foi prioridade "Z" neste país. Não será a presença de um órgão específico para a cultura que melhorará isto. Mas pode ser este tipo de órgão que piorará isto. Como foi na época recentíssima da pior presidente de todos os tempos, Dilma Rousseff, em que se dava subsídios para nulidades cantarem, representarem, escreverem... nulidades. Dinheiro jogado no lixo.

Lembrem-se do que o prefeito atual de São Paulo, um camarada da gangue petista, apelidado de Malddad, diz que bailes funk são manifestação cultural. Podem ser, para quem gosta desse lixo de música, mas essa "manifestação" gera concomitantemente espetáculos diários de violência, putaria e pornografia. Não é algo que você gostaria de ver seu filho a eles comparecer.

Não sei se há órgãos estatais de Cultura - ministérios, secretarias, departamentos, etc. em países do chamado Primeiro Mundo. Pensando bem, para que deveriam existir, já que europeus e americanos respiram cultura? Portanto, se nós acharmos que ele deva existir aqui no Brasil, que seja para algo que seja realmente cultura.

Por outro lado, como definir cultura?

Como todos meus leitores sabem, eu sou aficcionado pelas ferrovias brasileiras. E assim o sendo, vejo que uma grande parte, na verdade, uma ampla maioria, das antigas estações ferroviárias do país foram fechadas há muitos anos. Muitas foram demolidas e abandonadas. Outras foram transformadas em moradias particulares - em bom ou mau estado - e muitas foram utilizadas como estações rodoviárias ou como órgãos governamentais: prefeituras, câmaras de vereadores, sede de secretarias municipais. E uma boa parte foi transformada em "centros culturais". Não só casas e armazéns ferroviários, mas também antigas construções não-ferroviárias.

Isto, em si só, já é preservação de patrimônio. A simples boa conservação dos imóveis já em si é algo interessante, quase que instintivo: a arquitetura do século XIX e XX ferroviária é, de início, conservada pelo que é. Ou seja, construções bonitas. Podem até simplesmente serem fechada. Mas, para que elas sobrevivam por mais tempo, deve-se arranjar um uso para elas.

Sempre disse que, pela quantidade de "casas da cultura" que derivam da existência de construções antigas que se querem conservar, o Brasil deveria ser o país mais culto do mundo. Mas não, ele não o é e está muito longe de sê-lo. As "casas de cultura" que sempre vejo aparecer nem sempre têm uma existência longa - muitas não duram mais do que um mandato de um prefeito. O prefeito seguinte sempre quer fechá-la, pois não vê utilidade para ela (vale ressaltar que o fato de o prefeito antecessor dele tê-la feito já é um motivo para sumir com ela) ou, para "reduzir custos" - como cultura é a última prioridade, ele fecha, sentindo que não fará a mínima diferença para o povo daquela cidade. Muitas vezes ele está até certo: o povo em geral pouco se importa, a não ser que haja ali algo constante que o interesse.

Pela definição confusa de "cultura" que existe neste país, você pode chamar de "cada da cultura" qualquer coisa que ela hospede: a própria secretaria municipal de cultura, uma biblioteca (com um acervo às vezes ridículo), um mini-museu, um acervo de velharias (lembre-se que há uma grande diferença entre "antiguidades" e "velharias"), um local para exposições, até casa de shows... geralmente, nada que faça com que um visitante permaneça ali por mais de dez minutos, se tanto.

Enfim: eu, particularmente, sou, sim, uma pessoa que quer ter um órgão específico governamental para a cultura, mas um órgão realmente sério, que faça com que o interesse pela cultura - geral, não somente regional ou brasileiro - cresça no país e seja visto como oportunidades para o povo em geral.

Mas o que tem sido sério no Brasil?

Um comentário:

  1. A "cultura" tem um conceito tão complexo e amplo que até hoje não se tem uma definição sucinta do que é cultura, mas uma coisa eu sei. Sem educação, seja ela formal ou não, não há como alguém entender a beleza da arquitetura de um prédio seja ele uma estação ferroviária ou não, é difícil para alguém se emocionar com a história das ferrovias brasileiras e entender sua decadência e é impossível para alguém entender a falta que elas fazem para a economia do país seja no transporte de cargas, seja na mobilidade interestadual levando passageiros pelo Brasil a fora. Esse alguém so quer saber quando vai ser o próximo baile funk...

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