segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

ITU, FUTEBOL, CASARÕES HISTÓRICOS E LIXO EM PROFUSÃO

O armazém da velha estação, hoje com outro uso.
Durante muitos anos, depois de casados, eu e a Ana Maria costumávamos ir bastante a Itu. Cidade antiga, cheia de casarões interiso e em ruÍnas, antiga sede do famoso Colégio São Luís, que em 1917 mudou-se de lá par a avenida Paulista em São Paulo.
Bar próximo à antiga estação de Pirapitingui, fora da cidade.
Foi também sede da famosa Convenção Republicana de Itu, quando republicanos se juntaram para falar mal do Imperador Pedro II... e foram de trem! A estação da cidade foi inaugurada no mesmo dia em que os republicanos chegaram ali no primeiro trem da velha Companhia Ytuana de Estradas de Ferro. A estação da época foi demolida no final dos anos 1930 e substituída por uma nova (ou seja, a atual), no mesmo local da antiga. A atual tem linhas que lembram a art-decô. Seus trilhos foram-se em 1987, substituídos por uma linha muito mais moderna que também liga Campinas a Mairinque e é provavelmente a linha com maior movimento do Brasil - em trens cargueiros, claro. Nunca transportou passageiros.

Casa urbana. Pichada, claro. Povo sem educação é fogo...
A cidade é uma das mais antigas do Estado e do Brasil. Foi fundada por volta de 1650 e logo transformada em vila (município), separando-se de Santana de Parnaíba, cidade onde moro hoje. Os fundadores desta, de Itu e de Sorocaba eram irmãos: pela ordem, André Fernandes, Domingos Fernandes e Baltazar Fernandes. Todos filhos de Suzana Dias, esta neta do cacique Tibiriçá e sobrinha de João Ramalho. Os três, portanto, eram bisnetos de um dos homens mais honrados até hoje de São Paulo, um índio - Tibiriçá.
Casas urbanas, hoje lojas, originalmente uma casa somente.
No tempo em que e Ana e geralmente acompanhado de filhos e/ou amigos íamos a Itu, almoçávamos no famoso Steiner, o "Alemão" de Itu, com seus quilométricos e gostosos bifes à parmegiana.Ficávamos entrando e saindo das lojas de antiguidades geralmente instaladas em casarões antigos. Às vezes comprávamos alguma coisa, que muitas vezes, uma semana depois, transformavam-se em algo que fazia a gente perguntar o por quê de tê-lo comprado.
Casario antigo.
A cidade acabava no vale por onde passava a ferrovia. Ali havia dois rios, o Guaraú e o Brochado. Para lá da cidade, mesmo nos anos 1970, dava para perceber que a cidade havia cruzado a linha não fazia muito tempo. As casas eram mais simples e havia muitas usinas e fábricas, muitas ruas sem pavimentação. Hoje já está bem diferente.

Porém, ficamos um bom tempo sem ir lá. Uns dez anos ou mais. Ontem voltei com meu filho, nora e neto. A Ana não pôde ir. Um calor infernal. Passeamos pela cidade, a pé e de carro, eu, claro, fotografando casarões e também a estação ferroviária. Na chegada, que foi cindo da Castelo Branco, paramos para fotografar a pequena e simpática estação de Pirapitingui, que ficava na linha velha e ao lado da estrada que é a primeira entrada da cidade, não SP-300, uqe liga Itu a Porto Feliz e que sai do lado da estação central.

Visitamos o que chamam de "centro novo", ou seja, onde estão os bairros novos e chiques e, claro, tem hotéis e um shopping center com McDonalds. Claro que cidade que se preze tem de ter estes itens citados: hotel de bandeira estrangeira, ao lado de um shopping grande e novo e que tenha um McDonalds. Tudo isso adicionado de edifícios modernos, a maioria, no caso, residenciais. O bairro fica mais ou menos na saída para Jundiaí e Salto.
Casa antiga e igreja.
Mas, afinal, por que fomos a Itu? Ah, porque o Alexandre, meu filho, que já foi a um número alto de jogos do São Paulo neste ano, queria ver mais um, o último do Campeonato Brasileiro, onde o time foi mal o suficiente para não me dar vontade de ir a jogo nenhum. Mas acabei indo, principalmente pelo fato de rever Itu, que, afinal de contas, faz parte do interior do Estado que tanto me dá prazer visitar. E, claro, fui ao jogo.

Francamente, não sei como o futebol sobrevive no Brasil. O estádio está com manutenção abaixo da crítica. Os bancos da plástico já passaram da hora de serem trocados. Não há placara no estádio (jamais nos estádios que visitei e/ou vi na televisão havia visto este fenômeno (ou melhor, não visto). A desorganização na entrada era um absurdo. Meu filho não conseguia passar as entradas (cartões que ele tem) no receptor da blheteria, que estavam com defeito. Meu neto teve de pagar entrada, embora o mando de campo fosse do São Paulo e que isso, pelas regras, determina que maior de 5 anos e menor de 6 não pagam ingresso.
Estádio do Ituano (Novelli Jr.).
No portão, uma pilha de lixo: não se pode entrar com copos de plastico, latas de cerveja ou de qualquer coisa, e alguns outros objetos "perigosíssimos", então eles tëm de ser abandonados ali. Abandonados é bem a palavra, pois não há cestos ou latas de lixo nem ali, nem dentro do estádio. Determinação da PM, ou da Prefeitura, ou da própria CBF. Ora, que diabos - então, fica o estádio imundo por que latas de lixo são proibidas? Em vez de se dar educação aos torcedores para que não joguem estes objetos nos outros, eliminam as latas que supostamente "poderiam" ser usadas como armas?

Como as pessoas ainda vão em estádios? Eu, que havia prometido há anos não ir mais, depois de passar maus bocados e defender meus filhos num jogo a que lhes levei (e apanhei, mas botei os agressores para correr), voltei e encontro a coisa pior? Vão ser mais x anos sem ir. Se eu ainda estiver vivo. Certa está a Inglaterra, que vive metendo o pau no país pois ficou com dor de cotovelo por não ter sido ela a escolhida para a Copa do ano que vem. Grande erro nosso, de querer e depois de aceitar sorrindo as exigências de um órgão corrupto como a FIFA. Certa a Inglaterra, de dizer que no Brasil tudo é uma porcaria (basta ler os jornais dos últimos meses). Se eu fosse eles, faria mais: desistiria e não viria.

Principalmente depois do que aconteceu ontem - o que eu vi, num estádio pequeno, mas de uma região rica - e do que eu ouvi acerca de outro jogo onde o pau comeu feiopor falta total de educaçào de torcidas organizadas. Estas mandam nos clubes e no futebol daqui, fazem o que querem e ninguém faz nada, mortos de medo deles.

E que Deus salve o Brasil. Se tiver poder para tanto.

Um comentário:

  1. Sei que a última vez que estive em Itu foi 2001. Estava na recepção do hotel quando ouvi um gritinho histérico de uma hóspede: ela tinha ouvido a notícia da morte da cantora Cassia Eller. Fui olhar no google: era 29/12/2001. Gostava da Cássia... Gostei de saber que temos (ou teríamos) apenas 21 dias de diferença de idade... Mas voltando a Itu, taí uma cidade que eu não gostaria de ver descaracterizada pela modernização acachapante... mas talvez não escape de ver, quando for lá novamente, qualquer dia vou. Seu relatou sobre o estádio foi muito interessante. Isso de não ter latas de lixo, e de se jogar as latas e copos no chão para entrar no estádio... isso é muito a cara de um Brasil dominante. Não é todo o Brasil que é assim,mas infelizmente creio que é a maioria, então justifica a generalização. E quanto termos um São Paulo e Coritiba jogando num estádio sem placar... sem comentários... Valeu!

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