quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

A NOVA REDE FERROVIÁRIA DE PASSAGEIROS PAULISTA

O pássaro sobre o trilho em São Roque, linha hoje abandonada, trará a paz e os trens de volta? (Foto Carlos R. Almeida, tomada há alguns dias)

Hoje pela manhã, por mais de duas horas, participei como convidado de mais uma reunião da Frente Parlamentar em Defesa das Ferrovias Paulistas. Como já escrevi aqui, este frente foi criada por alguns deputados (principalmente o Mauro Bragato) que literalmente gostam do assunto. E a cada reunião, lógico, ele se autopromove.

Não acredito que ele tenha muita margem de ação. Afinal, a não ser pelo Metrô, CPTM e E. F. Campos do Jordão, nenhuma outro trecho de ferrovia, abandonado ou não, pertence ao Estado, desde que, em 1998, a RFFSA ganhou de presente a sucateada FEPASA como parte do pagamento das dívidas do Banespa. Estes três últimos nomes soam hoje como fantasmas.

Esta reunião tinha um objetivo mais claro: receber para falar sobre os trens metropolitanos e regionais de São Paulo o Sr. Jurandir Fernandes, Secretário Estadual dos Transportes.

Ele cumpriu bem sua função: apresentou os planos do Estado para aumentar o metrô, a Campos do Jordão e a CPTM; esta última seria aparentemente a responsável por levar os trens de passageiros de volta para o interior do Estado.

Os planos foram apresentados: metrôs, monotrilhos, extensões operacionais (Itapevi-Amador Bueno sai logo, segundo ele), trem para o Aeroporto de Cumbica, "que começa o ano que vem".

Mostrou os planos para os trens de longo percurso (o termo usado não é este, mas sempre "trens regionais"). O mais cobiçado, pois teria maior ocupação por viagem, é o São Paulo a Americana, via Campinas. Depois, tem também o SP-Sorocaba e o SP-Santos.

Disse, para cada um, o estágio em que estão, as datas previstas para operação de cada coisa que falei aí atrás.

Muito legal, gostei. Fica, no entanto, a pergunta: quem acredita nisto? Em datas, em verbas liberadas, em não interferências de MPs, ecochatos, quem acredita piamente? Só ficamos no "esperamos que".

Perguntei a ele: conhecendo a história dos trens paulistas como um estudioso, sem nunca haver trabalhado em companhia férrea alguma, um dos grandes erros foi o Estado não ter mantido seus trens de passageiros das linhas-tronco e do ramal Santos-Juquiá funcionando, e fazer como a CPTM fez: ir recuperando aos poucos cada linha, modernizando trajetos e percursos, vias permanentes e material rodante.

Não é chorar sobre leite derramado, pois existem pelo menos quatro trechos que ainda estão inteiros e abandonados pelas concessionárias, que, como tal, poderiam ter re-implantados a caráter precário, mas decente, seus trens, para usar o método do qual falei.

Já escrevi sobre isto várias vezes neste blog. No caso, hoje, citei quatro trechos? Araraquara-Barretos, Bauru-Panorama, Santos-Juquiá e Amador Bueno-Marinque. Este último, como trem da CPTM, parador, como já foi um dia. Todos estes trechos estão jogados às traças.

Depois de eu falar isso, um representante da região de Campinas disse que seria muito bom ter de volta o trem SP-Campinas-Americana, mas por que não estender os metropolitanos paradores entre Jundiaí e Campinas também? Afinal, essa região soainha tem mais de um milhão de habitantes.

Jurandir respondeu que reativar as linhas de que falei teriam problemas de análises ambientais, reposição de trilhos, etc. etc. etc. Eu respondi: claro que teriam. Assim como as linhas novas de que se está falando aqui também tem. Faz diferença? E seria mais barato, pois seria um "começo" para futura melhoria.

A rede do interior que ele apresentou em um slide mostra percursos que nunca existiram e que seriam viáveis. Trechos que nunca existiram antes, como o Campinas-Sorocaba e o Botucatu-Piracicaba, por exemplo. Ótimo.

Mas fica a pergunta: isso sai um dia? Tenho 62 anos. Quero andar nos novos trens regionais. Vou conseguir? Eu perguntei a ele. Ele disse que sim.

Não me preocupei com detalhes maiores ditos por ele pois não tive como anotar tudo e, no fim, são irrelevantes. O que sair, se sair, estará ótimo e será lucro. Obviamente, ninguém falou de corrupção nas licitações nem em problemas operacionais constantes na CPTM e metrô que vêm ocorrendo já há pelo menos três anos.

E que Deus salve o Brasil.

3 comentários:

  1. Obra nova da mais ibope na eleição, restaurar linha antiga, não é tão apelativo para uma campanha política.

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  2. http://www.antt.gov.br/index.php/content/view/26358.html

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  3. Bem, li hoje que na reunião do Alckmin com o presidente da França foi definido um grande empréstimo para a linha SP - Aeroporto de Cumbica. Mas concordo com a sua frase simples: quem acredita nisso? É como a linha 6 do metrô Brasilândia - São Joaquim: quando é que pelo amor de Deus vai bater a primeira britadeira no chão, para começar a obra?? Valeu!

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