segunda-feira, 4 de abril de 2011

SOLIDÃO

Fotos Ralph M. Giesbrecht tomadas hoje na rua Sampaio Vidal, Jardim Paulistano, São Paulo
Hoje, como faço alguns dias, andei a pé duas vezes pela rua Sampaio Vidal, no Jardim Paulistano. Mis precisamente, no trecho da rua entre a Faria Lima e a Capitão Antonio Rosa. O Jardim Paulistano é um dos poucos bairros de classe média que ainda mantém suas casas na maioria como residenciais, entre ruas estreitas e com pouco movimento. A Sampaio Vidal é uma delas, aliás, uma das ruas mais largas.
Apesar de ser paralela à congestionada avenida Rebouças, a adoção de mão única no sentido atual fez com que o tráfego de veículos caísse muito em relação ao que era.
É interessante como, mesmo nessa região de gente mais abastada, a manutenção das calçadas não é grande coisa. A limpeza até que é razoável: não há muito lixo, bem pouco, aliás, comparando com outros lugares de São Paulo, na calçada. Porém, as calçadas estão, em boa parte, mal conservadas.
Quando eu era menor, as calçadas das ruas de área residenciais eram bem mais limpas e conservadas. Acho que era por que os moradores se preocupavam em mostrar sua casa com um jardim na frente, muro baixo e uma calçada bem mantida.

Depois, com o aumento de invasões de residências e escritórios e falta de segurança geral, os muros foram se levantando. A maioria das casas, sejam residências ou escritórios, não se vêem mais da calçada. Agora, a impressão que dá - estarei correto? - é que, como o morador não vê mais a calçada de dentro de casa ou de seu quintal, ele não liga mais para a calçada. O tradicional jardim que costumava existir nelas, ou seja, grama com árvores e plantas cortadas no centro por uma calçada mais estreita, virou um cimentado único, sem jardim algum. Dá menos trabalho, mas fica muito mais feio.

Resolvi fotografar com meu celular alguns desses pontos. Reparem as rachaduras, buracos, lixo (em poucos locais, mas há). Num muro alto feito recentemente, quem fez não se preocupou com as raízes de uma árvore que está no quintal e suas raízes espalhadas ficaram debaixo do muro e do passeio. A limpeza do cimento usado no muro e que caiu na calçada também foi mal feita. Claro que no futuro a raiz vai derrubar o muro. As bancas de jornais ocupam quase toda a calçada, fazendo com que as pessoas praticamente tenham de andar na rua.

Enfim: as pessoas, com ou sem dinheiro, não ligam mais para nada. Havia honrosas exceções, sim. Muitíssimo poucas. Ninguém mais anda pela rua somente por andar, como acontecia antigamente. Não há mais nada belo para se ver na cidade. As pessoas se tornaram solitárias. Pena.

5 comentários:

  1. É uma lógica não-imediata: as pessoas constroem muros para fugir da violência, mas quanto mais muros, mais pontos cegos nas ruas. Então, se não tem ninguém vendo (nenhuma janela, nenhuma grade ou abertura) então vira um prato cheio para os ladrões. Construir muros faz com que as ruas se tornem terras de ninguém.

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  2. Prezado Ralph.
    Tenho o mesmo pensamento e sentimento que você: a maioria das pessoas atualmente perderam o senso da beleza, da harmonia. Resultado: nossas cidades estão a cada dia mais feias.
    É um absurdo, pois "os antigos" tinham muito menos recursos que nos dias de hoje, mas nem por isso deixavam de cuidar de sua calçada, sua rua, seu bairro... Eram muito mais cidadãos...

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  3. Luiz Carlos

    Concordo com o que diz o Gurgel. Houve uma enorme degradação na sociedade brasileira e isso fêz com que valores como arrumar a calçada,mante-la limpa e bonita sejam conceitos
    superados. Você bem notou, a Sampaio Vidal é rua de classe média alta e mereceria tratamento
    melhor.Se pessoas deste nível não se importam com a rua, quem há de. Aonde se caminhe em SP só se vê sujeira, calçadas destroçadas,pixação e mendigos esparramados. Não conheço cidade mais esculhambada que a nossa.

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  4. Ah, eu conheço. Mas uma coisa não elimina a outra. Não é porque tem coisa pior que nós tenhamos que melhorar.

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