quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

SOROCABANA EM AGONIA

Trilhos cobertos de mato: é a velha Sorocabana

Conheço o Mauro desde que ele participou como um dos entrevistadores numa reportagem da TV Assembleia (de São Paulo) em que o entrevistado fui eu, há alguns anos já. Não conheço o trabalho dele fora desta área (ferrovias paulistas), mas ele é claramente um entusiasta do assunto.

Ele é deputado estadual de São Paulo por Presidente Prudente, Alta Sorocabana. Há quatro ou cinco anos ele preside a Comissão para a Defesa das Ferrovias Paulistas. A ideia é boa, mas o poder de decisão do deputado e da Comissão é zero. Principalmente porque, com exceção das linhas da CPTM e do Metrô paulistano, todas as linhas férreas do Estado pertencem à União, desde a entrega do patrimônio da FEPASA à RFFSA, em 1o de abril de 1998.

As notícias do desmonte da quase totalidade da linha-tronco da Sorocabana pela atual concessionária da ferrovia, a Rumo, levaram ao desespero muitos prefeitos do interior, da região da Alta Sorocabana (de Botucatu para oeste, até a região de Presidente Prudente), que há anos vêm lutando para poder transportar a produção de indústrias e fazendas da região, sem sucesso.

A linha no trecho citado (Botucatu-Presidente Epitácio), seiscentos quilômetros, está abandonada já há alguns meses, sem perspectivas de novos usos e sem manutenção. Ela tem bitola métrica e não há interesse de utilização pela atual concessionária.

Eis que um pedido de informações à ANTT foi enviado pelo deputado Mauro Bragato por solicitação do vereador de Santo Anastácio Filadélfio Alves Júnior e agora teve sua resposta recebida. Segue o texto. Tirem suas conclusões. Nota: esta não é a única linha abandonada em São Paulo. Há várias outras, inclusive outros trechos da mesma linha da ex-Sorocabana: Amador Bueno a Mairinque. Já os trechos Iperó a Botucatu e Alumínio a Iperó correm riscos de serem desativados a curto prazo.

O deputado Mauro Bragato (PSDB), coordenador na Assembleia Legislativa de São Paulo da Frente Parlamentar em Defesa da Malha Ferroviária Paulista, recebeu ofício da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) acerca da interrupção do transporte ferroviário de carga entre o município de Presidente Epitácio e as regiões de Ourinhos e Botucatu. O diretor geral da agência, Marcelo Vinaud Prado, diz no documento que a interrupção da prestação de serviço foi feita unilateralmente pela concessionária ALL e sem autorização da ANTT. Também não foram apresentadas quaisquer justificativas técnicas ou econômicas que justificassem a descontinuidade do serviço concedido.

A ANTT informou ainda ao deputado que já enviou nove notificações de infrações à empresa por várias irregularidades como a não continuidade do serviço público concedido, por não manter condições de segurança, por não zelar pela integridade das edificações e dos bens, entre outros motivos.

A agência informa também que, embora haja a necessidade de correção de mais de 1.291 deficiências na estrutura e de 2.442 deficiências na superestrutura, o trecho permite passagem na linha normalmente. Termina com a informação de que há um processo administrativo aberto sobre o assunto, que se encontra em fase de defesas administrativas.


3 comentários:

  1. Agonia é Pouco, querido Ralph. Estava eu mediando aquele Programa (Arena Livre- temporariamente fora da grade) para divulgar à época o seu livro - "Um dia o trem passou por aqui" e já havia um desencanto com o abandono de alguns ramais. Ainda ontem fui (em férias e de carro) para Bauru mostrar ao meu filho aquele que já foi o maior entroncamento ferroviário. Dá dó ver aquele cemitério de máquinas e vagões. Nem foto tirei. Nosso patrimônio oxidando ao relento...A luta continua, Bravo Ralph!

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  2. Pela oportunidade, nossas ferrovias vão mal, mas a indústria ferroviária vai muito bem, obrigado. veja reportagem...

    A ABIFER (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária) consolidou os volumes de produção de veículos da indústria ferroviária brasileira de 2015. O setor industrial entregou 4.683 vagões de carga (75 para exportação), 322 carros de passageiros (78 para exportação), além de 129 locomotivas (6 para exportação), índice histórico de fabricação no Brasil. O faturamento total da indústria ferroviária, incluindo sua cadeia produtiva, ficou em R$ 6,2 bilhões, um crescimento de 10,7 % em relação a 2014, que fechou em R$ 5,6 bilhões.

    A indústria brasileira fechou o ano de 2015 com acréscimo de 60% de locomotivas fabricadas, em relação a 2014, em que foram entregues 80 unidades. Estabilidade marcou a produção de vagões, comparada às 4.703 unidades fabricadas em 2014. Já a entrega de carros de passageiros oscilou negativamente frente às 374 unidades de 2014, cuja diferença já está adicionada ao volume previsto para 2016.

    As projeções para 2016 apontam para a produção e entrega de 4 mil vagões (50 para exportação), 473 carros de passageiros (72 para exportação) e 100 locomotivas (10 para exportação), com previsão de ligeiro aumento do faturamento total. As exportações de componentes de veículos e de materiais para via permanente serão também alavancadas com a consolidação do câmbio favorável.

    “A premente necessidade de novas ferrovias no País e a melhoria das existentes, a partir de primordiais investimentos públicos e privados, demandarão um permanente desenvolvimento local de competências tecnológicas para a produção no Brasil dos veículos e sistemas ferroviários. Capacidade instalada, alta tecnologia e mão de obra especializada não faltam à indústria ferroviária brasileira, que tem dedicado o melhor dos seus esforços para colaborar com o desenvolvimento social e econômico do Brasil, gerando bons empregos e renda ao trabalhador brasileiro e maior produtividade às concessionárias de carga e de passageiros”, enfatiza o presidente da ABIFER, Vicente Abate.

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  3. Acredito que nesse cas deve ser feita uma DENUNCIA no MPF, ressaltando a urgência e o descumprimento dos termos administrativos por parte da concessionária.

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