segunda-feira, 10 de agosto de 2015

SAPUCAIA E O FIM DO TREM DA BAUXITA

Pátio de transbordo de bauxita em Barão de Angra, de bitola métrica da FCA para larga da MRS. Foto de Jorge Alves Ferreira (2007). 

Com relação ao fechamento - que já aconteceu, em 31 de julho de 2015 e foi tema de algumas postagens neste blog no mês de julho - do Trem da Bauxita, que fazia o percurso Barão de Camargos (estação em Cataguases, MG) a Barão de Angra, RJ, por bitola estreita da velha E. F. Leopoldina, passando pelas cidades de Cataguases, Recreio, Além-Paraíba, Chiador, Sapucaia, Paraíba do Sul e Três Rios, além de bairros rurais do município de Leopoldina, recebi um comentário neste blog, enviado por um senhor de nome Aloísio, residente em Minas Gerais.

Retransmito o comentário abaixo. Notem o comentário dele sobre o pedágio em Sapucaia. Este fato é somente uma coincidência?

Nota da VLI (FCA)
(primeiramente, entre aspas, a transcrição, enviada por ele, de uma notícia sobre o cancelamento do transporte da bauxita de Cataguases por trem, fato que é altamente prejudicial ao transporte por rodovias, especialmente num trecho da BR-116 e da BR-393):

“A VLI, empresa controladora da Ferrovia Centro-Atlântica, informa que o contrato de transporte de bauxita com a atual usuária do trecho entre Cataguases (MG) e Três Rios (RJ) encerrou-se em maio desse ano. Após conversas entre as ambas as partes, optou-se pela não continuidade do contrato e término do transporte do produto, o que acontecerá no mês de julho. A VLI seguirá fazendo a manutenção do trecho em questão e se mantém aberta a novas possibilidades de contrato para transporte na região. Caso não haja demanda, serão realizados estudos para avaliar a possibilidade de devolução para a União. A VLI ressalta que não estão previstas demissões em razão do término desse transporte. Oportunidades de realocação em outras localidades de atuação da empresa serão apresentadas para os empregados.”
A partir daqui, o texto de Aloísio. Tirem suas conclusões.


Mais um golpe na ferrovia. Infelizmente o Brasil não é sério e abandona o transporte mais econômico e viável que é o ferroviário, em troca do transporte rodoviário que polui que mata e que congestiona ruas e estradas.


Precisamos de ferrovias. Algo tem que ser feito para que este trecho não desapareça em breve como aconteceu com o de Cataguases a Ponte Nova e tantos outros país afora. A irresponsabilidade de nossos governantes, da ANTT, da FCA, VLI e dos órgãos que deveriam zelar pela ferrovia chega a ser nojenta. O Brasil está atolado numa crise e é hora de resgatar a ferrovia. Mas não, aqui não. No Brasil desgovernado por corruptos, o que manda são os carteis. O cartel do transporte rodoviário dá as cartas e impõe sua vontade. Chega de caminhões matando nas estradas. Países evoluídos tem o transporte ferroviário em primeiro plano. Sabemos que infelizmente o fim deste trecho entre Cataguases e Barão de Angra (o que sobrou ainda da saudosa Leopoldina em Minas e Rio) tem fim certo: erradicação!


Fica a pergunta: como será feito o transporte da bauxita extraída em Cataguases (Barão de Camargos)? Por caminhões? Pela rodovia que liga Três Rios/RJ a Além Paraíba-Leopoldina-Cataguases? Os mais de 30 vagões de bauxita serão agora substituídos por aproximadamente 60 caminhões de 3 eixos, esburacando as estradas, causando lentidão, acidentes e matando?
É muito curioso, pois recentemente um pedágio nas proximidades de Sapucaia/RJ foi inaugurado. Ora, trem não paga pedágio, mas um caminhão (aliás, 60 caminhões) paga e caro com seus mais de 3 eixos...


Está ai talvez a confirmação da força da rodovia sobre a ferrovia, pois sabemos que muitos são os “beneficiados” com as praças de pedágio, que, aliás, nada tenho contra, pois se bem usado o dinheiro deve ser revertido em obras para melhorias. Só que o Brasil não acorda para o fato de que carga média e pesada deve ser feita por FERROVIA. Devemos deixar as estradas para outras finalidades. Mera constatação do óbvio


Sobre a linha irão brotar em breve novas ruas, estradas, praças e etc. Tudo para favorecer "alguém" e mais uma vez o transporte rodoviário vence. Chega! O Brasil me dá nojo. Ferrovia é a solução, mas infelizmente parece que ninguém enxerga isso. Gente sem cultura, sem noção e sem visão é assim mesmo, troca o trem pelo caminhão.


E assim vamos indo cada dia mais para o buraco, perdendo competitividade no exterior pois não transportamos de forma correta nossa produção. Vejam os grãos, que se perdem estrada afora. Vamos perdendo nosso patrimônio duramente construído pelo povo ao longo de anos. Nossas ferrovias vão sendo aos poucos substituídas por estradas mal conservadas e mal feitas e o país se orgulha de ser um dos maiores do mundo em acidentes nas estradas.

Meus pêsames ao governo federal, à VLI (FCA) e a essa agência chamada ANTT, que mais uma vez se dobra ao domínio da rodovia.

O Brasil acabou!



8 comentários:

  1. Agora estão falando em "novas ferrovias, com traçados modernos, que permitem velocidade maior, etc...". Bastava manter o que já existe. É esse cartel rodoviário, acabou com o transporte de passageiros, agora quer acabar com o de cargas. Não só pedágio, mas peças, pneus, seguradoras, rastreamento de carga... Todos esses faturam com o transporte rodoviário. É algo muito complicado pra se reverter, quando se derem conta disso, talvez seja tarde demais.

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  2. Ralph,
    Lá vou eu dar uma de advogado do diabo. No caso da bauxita devido a retração econômica e ao aumento das tarifas de energia elétrica está deixando de ser economicamente viável processar o minério no Brasil, então as mineradoras tem preferido exportar o minério crú e importar o alumínio pronto, como as fundições de alumínio tem geração própria é mais lucrativo vender a energia elétrica do que gastar energia para produzir metal! A Votorantim assinou recentemente um contrato com a Prumo para exportar a bauxita de Cataguazes via porto do Açu e receber coque para geração de energia como carga de retorno e graças a lentidão governamental o porto ainda não possui acesso ferroviário, então tome-lhe caminhão. Para completar a fração do minério que continuará a ir para São Paulo é menor, cerca de metade do volume da capacidade máxima da mineração, e os custos com o transbordo ferroviário mais o incomodo da passagem pelo centro urbano realmente inviabilizam a operação do trecho. A opção econômica para continuar a ter transporte ferroviário dessa carga é alargar a linha da FCA até a região mineradora para que os trens da MRS a acessem diretamente, essa opção foi avaliada nos planos de acesso ao porto do Açu feitos pela Verax mas envolvem a construção de um contorno ferroviário em Além Paraíba e mais uma vez a ação governamental... O impasse está aí mas apesar disso a nossa presidanta continua a afirmar qe o país não está parado...

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  3. Boa noite. Por essas e por outras, me mudei pra França. Trabalho numa empresa de ônibus onde, ao seu lado, passam trens de cargas, trens de passageiros, TGV's o dia inteiro. Repito: O DIA INTEIRO. Fico muitas vezes, parado no meu serviço, admirando as lindas locomotivas a passar e apensar que o meu país poderia ser assim também. Eu mesmo pego o "suburbano" para voltar para casa que, diga-se de passagem, é excelente: o vagão tem 2 andares!!! Se o amigo me permitir, posso enviar umas fotos que eu tirei.
    Será que não podemos tentar nos mobilizar junto à ANTT a partir deste blog? Sei que é meio utópico e trabalho de formiguinha, mas pode ser um começo.
    Parabéns pelo blog. Leio todos os posts.
    Abraço

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    1. Alex, muito obrigado. Quisera eu ter a penetração nesses incompetentes da ANTT para conseguir mudar alguma coisa. Sou só teimoso. E o amigo deixa v. mandar fotos, claro!

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    2. Boa noite. Por favor, me passe teu e-mail para eu enviar as fotos. Obrigado.

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  4. Desculpe, mas esse negócio de "cartel do transporte rodoviário" não existe, é coisa de ferrofã fanático. O que acontece é que a produção de alumínio caiu muito devido aos altos preços de eletricidade e à invasão do metal chinês que está fechando muitas fábricas de alumínio em todo o Ocidente; assim, a demanda por bauxita está diminuindo.

    Infelizmente, não há outra saída. A linha de Além Paraíba não tem carga em potencial para a ferrovia senão a bauxita: toda a produção local é suficiente para ser escoada pelos caminhões. Muita gente ainda acha que estamos nos anos 1920, quando tudo era escoado pela ferrovia; mas, as coisas não são bem assim. A linha de Além Paraíba teria, agora, uma única utilidade: transporte regional de passageiros; mas, não são as empresas de ônibus que não querem que isso seja implantado (outra lenda furada), e sim a falta de interesse de nossos governantes e a falta crônica de recursos de nosso país.

    Entendo a revolta do Sr. Aloísio, mas xingar o Brasil e falar num lobby fantasioso que sequer existe não fará com que nós tenhamos ferrovias de qualidade.

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  5. Em que time jogará esse senhor? Vendedor de caminhões, ou......?

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