segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O TREM DO CARIRI

O primeiro VLT do Brasil foi a pique quatro anos depois de aberto, em Campinas. Isso foi uma vergonha.

A primeira vez que ouvi falar do Cariri foi quando eu tinha seis anos de idade. A revista Mickey número 66, de março de 1958, publicou uma história do (hoje) saudosíssimo Carl Barks (que depois soube que era uma história repetida de uma revista O Pato Donald que havia saído uns três anos antes), onde o Tio Patinhas ia com os sobrinhos para uma cidade perdida em “Manoa do Cariri”. Claro, em inglês não existia esse Cariri. Essa história foi uma das que serviu de inspiração para Steven Spielberg em um dos filmes de Indiana Jones — a cena em que o Tio Patinhas (no caso, o Indiana) tira o pequeno ídolo do centro de um círculo, fazendo com que toda a caverna venha abaixo.

Eu me lembro da revista, do número, do mês em que ela saiu. Incrível. Não lembro de um monte de coisas recentíssimas, mas disso (e de outras histórias) eu me lembro muito bem.

Enfim, estamos falando do VLT, ou trem, ou ainda metrô do Cariri. Podem chamá-lo de bonde, se quiserem. Ele vai indo. Era para que cobrassem tarifas a partir de fevereiro. Não tenho informações se isso aconteceu ou não. O fato é que ele vai indo bem, mereceu até um artigo na revista Veja que saiu este final de semana nas bancas.

No artigo, quem escreveu defende o VLT, dizendo que ele é mais confortável, mais rápido, mais econômico e mais silencioso que um ônibus. Não é mentira (a velocidade vai depender de vários fatores, aí fica uma dúvida). Fala que João Pessoa e Natal estão também apressando os seus. Não fala que as cidades de Betim e de Contagem estão também acelerando seus projetos. Não fala que o VLT de Santos a São Vicente está em banho-maria (até hoje não entendo por quê, posto que o leito e a via férrea estão lá, abandonados desde que o trem para Juquiá foi suspenso em 2003; estou falando dos cargueiros, já que o de passageiros — trem mesmo, não VLT – foi suspenso em 1997).

Espero que todos esses projetos vinguem. O sucesso deste VLT ajudará muito nisso. E achei até estranho quando li uma notícia, até velha, outro dia de que no dia 6 de dezembro — portanto, poucos dias após a inauguração — o tráfego havia sido interrompido por causa de um problema no leito. “Segundo a assessoria de imprensa da Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos (Metrofor), a previsão é de que os trens de passageiros voltem a circular nesta quarta-feira.” Vejam: uma previsão de que “os trens de passageiros voltem a circular” é até memorável. Bom, como disse, isto aconteceu há mais de dois meses e foi superado.

Longa vida aos VLTs: as cidades do Brasil precisam deles.

7 comentários:

  1. Oi Ralph, desculpe usar esse espaço para enviar um recado pra você, mas esses dias estava lendo sobre uma cidade fantasma nos Estados Unidos chamada Centralia do Estado da Pennsylvania e clique vai e clique vem acabei indo pra um link que me lembrou muito a Parada Pirelli e por consequência você. Eis o link: http://en.wikipedia.org/wiki/General_Motors_railway_station,_Melbourne

    Um abraço!

    Carlos Alexandre Cordeiro da Costa e Silva

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  2. Estranhíssimo, mas verdadeiro. Parece mesmo. Abraços

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  3. Ralph,
    Eu também escrevi algo a respeito no meu blog Fatos Gerais. Citei sobre o porque não utilizar em linhas de bitola métricas abandonadas citando como exemplo a linha Niteroi-Visconde de Itaborai, onde devido ao abandono bandidos chegaram roubar trilhos, este ultimos recuperados pela policia. ver em www.fatosgerais.blogspot.com

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  4. Mas, sem dúvida! Vi, inclusive, em seu blog. A cegueira dos nossos governantes é inacreditável. Há muita coisa que poderia ser feita em condições boas e baratas. Não sou contra as coisas caras, mas coloquemos o seguinte: precisamos SOMENTE de coisas caras? Por que não se podem fazer adaptações mais baratas e decentes? Como no caso do Metrô do Cariri, por exemplo?

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  5. Luiz Carlos Hummel Manzione

    É uma vergonha que o VLT de Santos nunca tenha passado de intenção. As linhas que foram abandonadas coma extinção rede da Santos/Juquiá
    estão tôdas lá. Para ter uma idéia da dimensão da coisa , começa no cais do porto de Santos
    atravessa a cidade no sentido leste/oeste entra em S.Vicente, corta a cidade , cruza a P.Grande , vai pelo litoral à Mongaguá depois
    Itanhaem. Serviria a um enorme contingente de trabalhadores.

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  6. Eu me lembro de quando o trem foi extinto, em fins de 1997. Quanto mais longe estava de Santos (Itanhaém, por exemplo), mais o povo reclamava, dizendo que agora tinham de pegar um ônibus que demorava muito mais para chegar a Santos. Olha, o trem já não era grande coisa, mas o ônibus era - e ainda é - pior. Lobby é fogo. E a birra do Covas com a Fepasa era pior. Ela piorou mais em seu governo do que durante todos os governos anteriores... e foi entregue de graça para a RFFSA privatizar como o nariz. E o patrimonio está aí para todos nõs vermos COMO.

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  7. Ralph,
    Se quiser usar estas fotos no site Estações ferroviarias, pode usar. Tenho mais fotos da estação de Visconde de Itaborai e algumas da estação de Saracuruna mais algumas que eu tenho de Aracaju, sendo que estas eu tenho que escaner, pois foram tiradas em 2006 e ainda com maquina analógica. Obrigado por me responder e prestigiar meu blog.ABS!

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